quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Arqueólogos encontram poço do período Neolítico com dois esqueletos

Restos humanos são de uma mulher de 19 anos e de um homem mais velho; não se sabe se eles caíram por acidente ou se foram lançados.

Arqueólogos israelenses descobriram em escavações no Vale do Esdraelon, na baixa Galiléia, um poço do período Neolítico que continha dois esqueletos humanos de 8,5 mil anos, informou nesta quinta-feira, 8, a Autoridade de Antiguidades de Israel.

A descoberta, realizada em um lugar denominado "Enot Nissanit", nas margens ocidentais do vale bíblico, foi feita por acaso e durante as escavações prévias para o alargamento de uma estrada.

Os restos humanos são de uma mulher de 19 anos e de um homem mais velho e supõem verdadeiro mistério para os arqueólogos, que não puderam determinar se os mesmos caíram em seu interior por acidente ou foram lançados.

Em um comunicado da Autoridade de Antiguidades, o diretor das escavações, Yotam Tepper, afirmou que "o que está claro é que depois que estes indivíduos caíram no poço, a água, que já não era potável, deixou de ser usada pela simples razão de sua contaminação.

Além disso, Tepper destacou que o poço guarda relação com um antigo assentamento agrícola cujos habitantes o usaram para a subsistência cotidiana.

A parte superior está construída com pedras e a inferior cavada em rocha bruta, sendo que duas grandes pedras rematam a entrada do poço, que possui 8 metros de profundidade e 1,3 metros de diâmetro na abertura superior.

Além dos restos humanos, Tepper ressaltou que foram encontrados inúmeros utensílios que são fundamentais para a identificação das pessoas que cavaram o poço, como facas denticuladas de sílex que eram usadas na colheita, pontas de flechas e outros itens talhados em pedra.

Omri Barzilai, chefe do Departamento de Pré-história da Autoridade de Antiguidades, apontou que "os poços deste período são achados únicos na arqueologia de Israel e, provavelmente, no mundo pré-histórico em geral".

Os dois poços mais antigos do mundo foram achados no Chipre e revelaram o começo do fenômeno da domesticação.

"Parece ser que o homem antigo tentou idealizar fórmulas para proteger a água potável de possíveis contaminações pelos animais que cuidava e, por isso, costumava armazenar a água em um lugar que não fosse acessível pelo gado", concluiu Barzilai.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Copa sem Meia Entrada e bebidas a vontade, uma ofensiva neoliberal

Ao abrir os jornais durante essa semana, fiquei estarrecido com a falta de debate entre a sociedade e o poder público. Quando os interesses são os das grandes empresas e corporações mundiais o debate, na verdade, inexiste. A Copa do Mundo é sem dúvida um grande evento que vai alavancar a imagem do Brasil para todo o mundo. Mas tudo tem limites. O preço que pagaremos será alto. O maior deles é, sem dúvida, o desacato a nossa soberania.


A famosa "Lei Geral da Copa" é um insulto as leis vigentes no nosso país. Ela simplesmente anula ou revoga, temporariamente, garantias de direitos que foram conquistados a duras penas por nossa sociedade civil organizada. Gostaria aqui de salientar duas delas: A proibição da meia entrada e a liberação da venda de bebidas em eventos esportivos. A lei estadual nº 1.196\2012 regulamenta no estado de Pernambuco o acordo firmado entre o Governo Federal e a FIFA e foi aprovado sem o menor debate com os segmentos envolvidos. Nos jogos das Copas das Confederações e do Mundo os estudantes, professores e idosos, deixam de ter o direito garantido por lei da meia entrada.

O fato grave em tudo isso é a justificativa. A FIFA diz que com a meia entrada e a proibição da venda de bebidas alcoólicas, o evento não seria viável (traduzindo: Lucrativo). Por trás da FIFA (ou liderados por ela) existe um grande conluio de mega empresas sedentas de lucro a todo custo. Essa fome toda tem justificativa: o mercado interno brasileiro é um dos que mais crescem no mundo inteiro. A engrenagem é simples de entender, a luta desenfreada por lucratividade e exploração desse mercado consumidor em ascensão, aguça a cobiça por lucros extraordinários dessa associação de empresas capitalistas. E essa cobiça não tem freios. Nem que para isso seja necessário atacar a soberania dos países sedes da Copa, anulando leis, regulamentos e até tradições (como a venda de acarajé em estádios baianos).

A sociedade civil brasileira precisa opinar sobre esse importante assunto. Tratar com superficialidade é o desejo dos poderosos, dizendo que a Copa do Mundo justifica tudo. Querem que fechemos os olhos e minimizemos os fatos. Chegou a hora de estudantes, professores e idosos colocarem sua opinião e lutarem, juntos, pela manutenção das leis brasileiras. Não podemos deixar que intervenções exteriores desmanchem conquistas do povo brasileiro. Muito menos com justificativas econômicas. Vamos a Copa do Mundo, a Copa do POVO brasileiro.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

20 de Novembro, dia da Consciência Negra ou Dia do Zumbi

Zumbi 
Neste dia 20 de novembro, o Blog do Mago destaca dois artigos publicados recentemente sobre a luta anti-racista no Brasil. O primeiro deles é do Jornalista Carlos Pompe que trata sobre a justificação bíblica do racismo, e o segundo é um texto de Alexandre Braga, da União dos Negros pela Igualdade (UNEGRO) fazendo uma abordagem sobre a luta do movimento negro na atualidade. Desejo a todos uma ótima leitura e um viva a resistência do povo brasileiro de matriz africana. Vamos continuar lutando!



A justificação bíblica do racismo

Por Carlos Pompe

O doutor em genética humana Sérgio Pena, no artigo Desinventando as raças, contido no livro Charles Darwin em um futuro não tão distante (Instituto Sangari) considera que a “cristalização do conceito de raças e a emergência do racismo coincidiram historicamente com dois fenômenos: o início do tráfico de escravos da África para a América e o abandono da então tradicional interpretação religiosa da natureza em favor de interpretações científicas”.

No caso do cristianismo, seita dominante nos países que traficavam escravos, foi mudada a ênfase na origem da humanidade a partir de Adão e Eva e enfatizada a descendência dos humanos a partir de três filhos de Noé: Cam, Sem e Jafé. Cam, que flagrou o pai bêbado e nu, foi condenado por Noé a ter toda a sua descendência tornada escrava – e os descendentes de Cam, a partir de Canaã, seriam os negros africanos. 

Já os judeus se consideram descendentes de Sem e com esse pressuposto os sionistas justificam a matança de palestinos por Israel, como tristemente assistimos nestes dias. Mas voltemos ao “mundo cristão”. O que fazer com os africanos – e, depois, os nativos do Novo Continente – convertidos ao cristianismo? Pena prossegue: “Postulou-se que os escravos convertidos podiam ser mantidos em servidão porque, apesar de cristãos, eram descendentes de ateus”.

Os avanços da ciência a partir do XVIII acabaram reforçando o critério racial que evoluiu dos princípios bíblicos. Até hoje muitos argumentos e classificações adotados por cientistas do passado repetem classificações racistas entre os seres humanos, embora os avanços da genética molecular e o sequenciamento do genoma humano tenham desautorizado qualquer significado biológico para distinguir “raças” entre os Homo Sapiens Sapiens, como nos denominamos na atualidade.

Contudo as “raças” continuam a existir como construções sociais. Em Trabalho assalariado e capital, Marx escreveu: ““Um negro é um negro... Porém sob determinadas condições se converte em escravo. Uma máquina de fiar algodão é uma máquina de fiar algodão. Terão que ocorrer condições especiais para que se converta em capital”. As condições para um negro se converter em escravo mudaram mas, assim como a escravidão converteu-se em escravidão assalariada, no Brasil, o último país a abolir a escravidão, o negro foi convertido no assalariado pior remunerado...

Em São Paulo, a mulher negra chega a ganhar 47,8% do rendimento do homem não negro por hora. No Distrito Federal, a proporção é de 49,5%. Em Salvador, Recife, Porto Alegre, Fortaleza e Belo Horizonte, o homem não negro ganha quase 50% a mais do que as mulheres negras. Os dados da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) sobre as regiões metropolitanas, com base na pesquisa de emprego e desemprego (PED) de 2011, reafirmam a frase da canção de John Lennon, que diz que a mulher é o negro do mundo, devidamente completada com a constatação de que, se além de mulher, for negra, a situação piora.

Há alguns anos, foi realizada a campanha “Onde você guarda o seu racismo?”, que incentivava a não guardá-lo, mas jogá-lo fora. A campanha passou, mas o racismo continua, como demonstram os fatos do dia-a-dia, incluindo a discriminação de gênero evidenciada nos salários de homens e mulheres, brancos e negros.

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A luta do Movimento Negro na atualidade
Por Alexandre Braga


Havia em Pernambuco, Minas Gerais, Bahia e outros estados cerca de 700 quilombos, 2600 comunidades remanescentes e milhares de insurreições que lutaram contra o jugo dos senhores de escravos, período que o sociólogo Clóvis Moura definiu como modo escravista colonial. Em 1971, ativistas do Grupo Palmares, do Rio Grande do Sul, chegaram à conclusão de que o dia 20 de novembro tinha sido a data da execução de Zumbi e estabeleceram - na como Dia da Consciência Negra. Em 2003, a lei 10.639, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estabeleceu a data como parte do calendário escolar. Mas, apesar dessa agenda de eventos para celebrar a negritude, a nossa consciência negra é fenômeno novo dentre as várias manias adotadas pelo povo. Hoje é “chique ser black”. É moderno cultivar os valores da “cultura black”, enquanto o fosso social entre brancos e negros ( os pretos e os pardos juntos ) mantém o apartheid brasileiro inalterado. O mito da democracia racial, por aqui, foi denunciado como mentira pela realidade socialmente perversa e pelos dramáticos indicadores sociais; que compravam que negro no Brasil está associado à miséria e exclusão social. Por exemplo, somente o IBGE calcula que precisaremos de pelo menos 20 anos de políticas voltadas para as ações afirmativas para colocar brancos e negros em níveis mínimos de igualdade.

Portanto, na atualidade, o Movimento Negro tem um viés político muito forte: a resistência venceu a escravidão. Por isso, suas atividades vêm carregadas de tempero emocional. Dessa forma, o Dia da Consciência Negra, a luta contra o racismo, a agenda da promoção da igualdade racial e a inclusão da população negra na sociedade, trazem consigo tantas e variadas atividades, como as marchas para aumentar a consciência do pertencimento étnico, os protestos mais raivosos e justos, e as homenagens aos homens e mulheres negros ( Zumbi e Dandara, líderes da República de Palmares; Osvaldão, líder da Guerrilha do Araguaia; Machado de Assis, escritor; André Rebouças, engenheiro especialista em engenharia hidráulica-ferroviária e de portos; Chiquinha Gonzaga, compositora, pianista e primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil, João Cândido, líder da Revolta da Chibata, entre outros) que, de alguma forma, ajudaram na construção da riqueza da nação-continente mais negra fora do continente africano. E o maior significado desse dia é que longe do ranço contra quem quer que seja, hoje a população negra, ou os 49,9% do povo brasileiro, luta pelo cumprimento do plano de ação assumido na Conferência da ONU Contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata em 2001 e pelas propostas das Conferências Nacionais de Promoção de Igualdade Racial, organizadas em 2005 e 2009 pelo governo brasileiro. Além disso, o Movimento Negro quer justiça social aos próprios negros, aos povos de tradição indígena e aos demais grupos que durante a construção dessa nação-continente tiveram seus direitos humanos violados. Ou seja, no século XXI o debate sobre as alternativas para o desenvolvimento sustentável, as soluções para superaçãodos conflitos étnicos e o combate ao preconceito e às desigualdades sócio-raciais se dão entrelaçadas pelo culto à capacidade de resistência dos povos e pelo clamor por eqüidade. É inegável a herança africana na culinária, na dança, no ethos do nosso povo, mas é inegável também o atraso com que o Estado brasileiro trata essas questões. Às vezes quando as assumem o faz lentamente e de forma mais para negro ver do que para negro ter justiça e respeito de fato.


segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Stalingrado, a Operação Urano


A batalha de Stalingrado travada entre 19 agosto de 1942 e 2 de fevereiro de 1943 pelos exércitos alemães que invadiram a URSS em 1941 e as forças soviéticas, foi uma das maiores e mais violentas de todos os tempos. O número de soldados, tanques, aviões , munições e alimentos que nela se consumiram foi gigantesco. Estima-se que mais de dois milhões de homens e mulheres, de ambos os lados, participaram da refrega cujo resultado final foi a derrota do exército alemão. Consideraram-na o divisor de águas da 2ª Guerra Mundial, pois desde a rendição do general Paulus, o supremo comandante alemão aos soviéticos, acertada em 2 de fevereiro de 1943, a Alemanha nazista, obrigada a recuar do solo russo, perdeu para sempre a iniciativa da guerra.

As intenções da Operação Urano

Tanques soviéticos T-34
“Stalingrado não era mais uma cidade. Durante o dia nada mais era senão que uma nuvem queimando, uma fumaça gigante; era uma fornalha iluminada pelos reflexos das chamas... Os animais, espantados, fugiram daquelas pedras fumegantes, somente os homens ainda suportavam.”

[Carta de um tenente alemão, 1942]

Urano, a personificação do céu para os gregos, era entendido como a abóbada celeste, o que cobria tudo. Este foi o nome escolhido pela Stavka, o estado-maior geral soviético, dirigido por Stalin, para a missão de deter os nazistas: a Operação Urano, marcada para o segundo semestre de 1942. Seria uma das maiores operações contra-ofensivas da História, visando derrotar os invasores da União Soviética nas beiras do rio Volga. Fazendo juz ao nome escolhido, era uma impressionante manobra na qual todos os elementos da guerra se fariam presentes.

A data marcada para o seu desencadeamento foi o dia 19 de novembro de 1942 (há setenta anos atrás). Os nazistas, de modo fulminante e arrasador, já estavam há dezesseis meses e meio em terras russas, e, descontando-se o susto que sofreram na frente de Moscou, em dezembro de 1941, ocasião em que o general Zhukov os fez recuar, haviam retomado o élan ofensivo. Com o fronte central estagnado em Moscou, e o do norte marcando passo em frente a Leningrado (onde a população civil russa sitiada morria de fome em massa), o alto comando alemão alterou suas diretivas, numa linha que atingia 6.200 quilômetros de extensão.

Rumo ao Cáucaso e ao Volga

Os objetivos de Hitler - dando seguimento a Operação Barbarossa, a que planejou a invasão da União Soviética - , inclinaram-se, então, para a frente sul, para o baixo Volga e o Cáucaso, atrás de cereais e de petróleo. Intentando seccionar o país dos sovietes em duas partes, ordenou que o poderoso 6º Exército, com uma vanguarda de uns 300 mil homens, liderado pelo general Paulus, se dirigisse para a cidade de Stalingrado. Com um pouco mais de 800 mil habitantes, espalhada na margem ocidental do rio Volga, ela situava-se eqüidistante de Moscou, no norte, e da Chechênia, ao sul. Era um importante centro de comunicações e dona de um respeitável parque de armamentos.

A meta do Führer - além de provocar um profundo abalo na moral dos comunistas conquistando-lhes a cidade que levava o nome do seu líder - era impedir que os imensos recursos de alimentos e do óleo de Grozny e de Baku, subindo o rio Volga, chegassem à parte industrializada e mais densamente habitada da Rússia. Sem pão ou gasolina, pensou, a bravura dela não duraria muito. Em Stalingrado travar-se-ia, pois, uma dupla batalha: ideológica e econômica. Os alemães, vindo de uma parte da Europa densamente habitada, espantaram-se com a solidão e vastidão das estepes. Era um mar plano, sem-fim, onde os girassóis ondulantes rivalizavam com os trigais, entremeados, aqui e acolá, por uma ou outra choupana pobre, habitada pelo mujique russo e os seus.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Juventudes pelo Brasil: fórum juvenil promete um 2013 de lutas e vitórias!

Uma data por si histórica, o sete de novembro de 2012, 95º aniversário da Revolução Socialista na Rússia, acolheu um evento que pode marcar época também no Brasil. Refiro-me ao fato de a Juventude da CTB ter participado naquele dia de uma importante reunião das juventudes sociais, sindicais, estudantis e políticas na sede da UNE e da UBES em São Paulo. A reunião JUVENTUDE PELO BRASIL. 


O encontro chamou atenção pela representatividade e os propósitos ousados que o motivaram. Se a Coordenação dos Movimentos Sociais sempre se viu limitada ao aspecto gremial, pelas organizações que a congregam, o fórum juvenil se fortaleceu por ser fruto de uma mobilização que, liderada pelas entidades estudantis e o MST, tem a presença de juventudes como a União da Juventude Socialista, a Juventude do PT e a Juventude Pátria Livre. Mas não apenas: Consulta Popular, Juventude da CUT, ANPG, Levante da Juventude, UBM e MMM, o Barão de Itararé, a Nação Hip Hop Brasil, jovens ecumênicos, um amplo espectro de organizações que lembra o exitoso Fórum Nacional de Lutas que existiu até começo dos anos 2000 e que tanto contribuiu para a presente situação de avanços sociais e políticos no Brasil. 


O que querem as juventudes? Muita coisa, é óbvio! Veja-se a identidade que marcou o encontro quando foi tomando nome o horizonte de mudanças que aspiram. Naturalmente, mesmo sem definição prévia, logo, logo, surgiu na boca dos representantes a palavra secular que ainda fala ao coração: socialismo. É certo que um socialismo com as esperanças e a face da juventude de hoje. Não um socialismo de cátedra, não um socialismo de passado, mas um socialismo feito das bandeiras do passado e do presente, compreendido na luta para avançar os processos de mudança no Brasil e na América Latina, reconhecendo os limites atuais e propondo que, a partir da luta do povo se avancem para as conquistas que governos não podem dar, mas que a mobilização unitária pode atingir.


Deter-se-ão os e as jovens aonde param os governos? Poderão imprimir uma salutar e rebelde pressão para acelerar as mudanças em curso ou serão apenas mais do mesmo? Exercerão seu viés crítico e próprio, ou se manterão nos marcos existentes da mudança que, de tão negociada, é marcada por inaceitáveis continuidades? Não está definido, e a presença de organizações políticas é decisiva para esse tipo de reflexão e para a abrangência final que terá o espaço. Não há dúvidas que foi convocado sob o signo da luta. A juventude tem pressa.

Concretamente, é a defesa da juventude abandonada, sobretudo, o que caracteriza essa união. Uma grande preocupação com a situação da juventude oprimida pela miséria, pelo racismo, pela homofobia, pela super exploração no trabalho, pelo acesso desigual e elitista à educação, pelo machismo e a violência sexista contra as mulheres, pela propagação da intolerância, inclusive religiosa e as ameaças ao Estado laico, pela manipulação das grandes empresas de mídia, pela poluição nas cidades e o abandono das populações do campo que se soma à ausência de uma reforma agrária e a um modelo de desenvolvimento que respeite o meio ambiente e garanta nossa soberania. Como reflexão dos trabalhadores e trabalhadoras, a Juventude da CTB propôs que as organizações ali reunidas incorporassem à sua reflexão a Agenda Nacional da Classe Trabalhadora aprovada por milhares de trabalhadores e trabalhadoras em São Paulo no ano de 2010.


As juventudes reunidas passaram a limpo em poucas horas os principais problemas do desenvolvimento no Brasil e problematizaram como atuar num sentido unitário, como aprender juntas, como ampliar a sua capacidade de intervir na realidade atual. Indignante e ilustrativa da necessidade de uma Reforma Política é o descaso com a a situação da juventude expresso na decisão da Câmara que na noite anterior rejeitara a aplicação de 100% dos royalties do Pré-Sal na Educação. E entre todas as organizações ali presentes não havia qualquer dúvida que a educação é uma bandeira de todos, pilar importantíssimo da emancipação e do resgate da juventude brasileira. Também o encontro foi marcado pela indignação ante os preocupantes dados de assassinatos de jovens negros e da periferia, em especial em São Paulo. 


O cenário político é marcado também pela tentativa da direita, desesperada com seu declínio eleitoral, de judicializar a cena política e de criar condições para intervir na cena política sem o mandato das urnas, situação perigosa, como demonstraram acontecimentos semelhantes recentes em Honduras e no Paraguai. Chama atenção sobretudo pela virulência, expressa no intento de atingir o Ex-Presidente Lula, como observou André Tokarski, pela UJS. Assim, a união do povo e da juventude para ocupar as ruas pode assumir aspecto decisivo num futuro próximo, na defesa da democracia e dos avanços conquistados.


Foi ainda um primeiro encontro. E, que decidiram os jovens ali reunidos? Primeiro, seguir juntos. Um calendário próprio permitirá ampliar a integração das agendas e das ideias dessa juventude que buscará superar as especificidades nas pautas em busca de um sentido geral emancipador para sua luta na sociedade brasileira. Nesse sentido, orientou-se que os Estados reproduzissem durante novembro e dezembro essa reunião. A 19 de dezembro está previsto um outro encontro nacional em São Paulo. No dia 20 de fevereiro a esperança é uma Plenária Nacional. E o objetivo inicial é a unificação de grande e variada uma jornada de lutas da juventude brasileira para o mês de março de 2013 com atos de rua e conscientização para sacudir o país.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Direção Nacional da UJS se Reúne em São Paulo

                               






A nova Direção Nacional da União da Juventude Socialista (UJS) realizou nesta quarta (31) e quinta-feira (01/02) sua primeira reunião.


Crise do capitalismo

No primeiro dia da reunião o tema em pauta foi à conjuntura internacional e nacional. A avaliação é de que ainda é muito grave a situação na Europa, entre diversos fatores, é preocupante o fato de não haver mais uma coordenação da crise pela dupla França/Alemanha. Diferente do seu antecessor, François Hollande não tem conduzido junto à Alemanha – maior potência europeia – uma coordenação da crise. Sem um acordo entorno de medidas a serem adotados pelo Banco Central europeu entre as duas maiores potências do continente a crise pode se agravar ainda mais.

Nos EUA, embora haja uma leve recuperação da economia, não é certa a vitória de Obama, o que representaria um grave retrocesso para o mundo, seu adversário Mitt Romney, encarnaria a velha política estadunidense de dominação mundial.

Do outro lado do mundo, na China, os sinais também não são positivos, embora a previsão de crescimento do gigante asiático seja de 7%, representa uma redução de 2% em relação ao ano passado, esta pequena redução diminui o nível de exportações no mundo, atingindo diretamente o Brasil.

Os trabalhadores e a juventude seguem pagando o preço da crise, entretanto, é importante ressaltar que embora novas formas de mobilização tenham surgido em meio ao caos econômico, observa-se que as grandes mobilizações tem sido lideradas pelas organizações tradicionais, como os sindicatos, que levam duzentas mil pessoas as ruas e fazem constates greves gerais no velho continente.

Brasil

O governo da presidenta Dilma tem aplicado muitas medidas positivas no campo econômico, com destaque para a baixa dos juros, entretanto, estas medidas não tem surtido efeito, a projeção de crescimento do PIB para este ano está na casa de 1,5%, o que significa um crescimento pífio, incapaz de dar conta das demandas de geração de emprego e distribuição de renda.

Mesmo com as medidas adotadas a economia brasileira não manteve um crescimento de longo prazo, esta realidade é consequência direta da limitação de projeto político e ousadia do governo Dilma. Embora os juros tenham baixado isto não representou mais dinheiro no bolso do trabalhador ou mais recursos a serem investidos na economia.

Para a UJS, a política de condomínio – que aloja os banqueiros na cobertura – adotada pelo governo Dilma, que tenta conciliar os interesses dos trabalhadores de um lado e o dos banqueiros e da grande imprensa do outro, inviabiliza um maior avanço econômico e social.

Reforma Educacional

Passados 10 anos desde a primeira eleição do governo Lula e da presidenta Dilma, muitas mudanças ocorreram no ensino básico e no ensino superior, a escola técnica experimentou uma grande expansão de suas vagas e do seu orçamento, nas universidades públicas foram criadas 680 mil vagas, além de 1 milhão de vagas no ensino privado através do PROUNI, entretanto, a qualidade do ensino não acompanhou sua ampliação.

A UJS deve apresentar no 14º Conselho Nacional de Entidades de Base da UNE um novo projeto de reforma universitária, com destaque à luta pela qualidade da educação e pala assistência estudantil. Urge a necessidade de um projeto mais avançado e radical de reforma universitária.

Nas universidades privadas a situação da qualidade é dramática. A direção nacional da UJS acredita que não há justificativa para uma universidade que oficialmente não é pública, mas, é financiada em parte pelo setor público – seja através do Prouni ou do Fies –, não cumprir nenhum critério de qualidade e continuar sendo privada, em casos como estes o governo deve assumir sua direção, estatiza-la, abolindo de imediato o pagamento de mensalidades e estabelecendo um comitê de transição para torna-la oficialmente pública.

No ensino básico a situação ganha ares de catástrofe social, a combinação de má qualidade, professores mal remunerados, infraestrutura precária e aumento exponencial da violência preocupa a sociedade como um todo. Para resolver a situação do ensino básico brasileiro não basta preencher a escola de novas tecnologias sem que isto não seja acompanhado de uma mudança no conteúdo pedagógico.

Juventude protagonista das mudanças

A crise do capitalismo tem revelado mais uma vez o 
papel central da juventude nas grandes transformações. As conhecidas ocupações anticapitalistas como oOcupy Wall Street, os Indignados na Europa, às massivas mobilizações no Chile e no Canadá por uma educação gratuita, a jornada de lutas do movimento estudantil brasileiro no começo do ano, os esculachos da juventude contra os torturadores da ditadura militar e a greve das universidades federais demonstram nitidamente a sede da juventude por transformações mais profundas.

No Brasil é necessário intensificar e radicalizar ainda mais a luta por estas transformações. Este feito não será realizado sem uma reforma dos meios de comunicação, que assim como algumas universidades privadas, sobrevivem com dinheiro público, mas, não expressam as necessidades do povo brasileiro.

A UJS convoca a juventude para no 14º CONEB da UNE e na próxima jornada de lutas do movimento estudantil construir uma grande mobilização que busque desalojar os banqueiros e a grande imprensa do projeto transformista eleito em 2002, abrindo novas perspectivas de avanços econômicos e sociais para o povo brasileiro.