quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Igor Fuser: Mentiras e verdades sobre a situação na Venezuela

Nos últimos dias a Venezuela voltou às manchetes dos jornais do mundo devido a uma série de manifestações de rua. Abaixo, apresento uma série de mentiras alardeadas pela chamada “grande mídia” e as suas respectivas verdades.


Por Igor Fuser*, no Brasil de Fato

Mentira: Os opositores saíram às ruas porque estão descontentes com os rumos do país e querem melhorar a situação.

Verdade: O que está em curso na Venezuela é o chamado “golpe em câmera lenta”, que consiste em debilitar gradualmente o governo até gerar as condições para o assalto direto ao poder. O atual líder oposicionista, Leopoldo López, não esconde esse objetivo, ao pregar aos seus partidários que permaneçam nas ruas até o que ele chama de “A Saída”, ou seja, a derrubada do governo. O roteiro golpista, elaborado com a participação de agentes dos Estados Unidos, combina as manifestações pacíficas com atos violentos, como a destruição de patrimônio público, bloqueio de ruas e atentados à vida de militantes chavistas. A mídia venezuelana e internacional tem um papel de destaque nesse plano, ao difundir uma versão distorcida dos fatos. A aposta da direita é tornar o país ingovernável. Trata-se de criar uma situação de caos até o ponto em que se possa dizer que o país está “à beira da guerra civil” e pedir uma intervenção militar de estrangeiros. Outro tópico desse plano é a tentativa de atrair uma parcela das Forças Armadas para a via golpista. Mas isso, até agora, tem se mostrado difícil.

Mentira: A Venezuela é um regime autoritário, que impõe sua vontade sobre os cidadãos e reprime as manifestações opositoras.

Verdade: Existe ampla liberdade política no país, que é regido por uma Constituição democrática, elaborada por uma assembleia livremente eleita e aprovada em plebiscito. Nos 15 anos desde a chegada de Hugo Chávez à presidência, já se realizaram 19 consultas à população – entre eleições, referendos e plebiscitos – e o chavismo saiu vitorioso em 18 delas. Foram eleições limpas e transparentes, aprovadas por observadores estrangeiros das mais diferentes tendências políticas, inclusive de direita. O ex-presidente estadunidense Jimmy Carter, que monitorou uma dessas eleições, declarou que o sistema de votação venezuelano é “o melhor do mundo”. Esse mesmo sistema eleitoral viabilizou a conquista de inúmeros governos estaduais e prefeituras pela oposição. Há no país plena liberdade de expressão, sem qualquer tipo de censura.

Mentira: Quem está protestando contra o governo é porque “não aguenta mais” os problemas do país.

Verdade: A tentativa golpista, na qual se inserem as manifestações da direita, reflete o desespero da parcela mais extremista da oposição, que não se conforma com o resultado das eleições de 2013. Esse setor desistiu de esperar pelas próximas eleições presidenciais, em 2019, ou mesmo pelas próximas eleições legislativas, em 2016, ou ainda pela chance de convocar um referendo sobre o mandato do presidente Nicolás Maduro, no mesmo ano. Essas são as regras estabelecidas pela Constituição – qualquer coisa diferente disso é golpe de Estado. A direita esperava que, com a morte de Chávez, o processo de transformações sociais conhecido como Revolução Bolivariana, impulsionado pela sua liderança, entrasse em declínio. Apostava também na divisão das fileiras chavistas, abrindo caminho para seus inimigos. A vitória de Maduro – o candidato indicado por Chávez – nas eleições de abril de 2013, ainda que por margem pequena (1,7% de diferença), frustrou essa expectativa. Uma última cartada da oposição foi lançada nas eleições municipais de dezembro do ano passado. Seu líder, Henrique Capriles (duas vezes derrotado em eleições presidenciais), disse que elas significariam um “plebiscito” sobre a aprovação popular do governo federal. Mas os votos nos candidatos chavistas superaram os dos opositores em mais de 10%, e o governo ganhou em quase 75% dos municípios. Na época, a economia do país já apresentava os problemas que agora servem de pretexto para os protestos, e ainda assim a maioria dos venezuelanos manifestou sua confiança no governo de Maduro. Diante disso, um setor expressivo da oposição resolveu apelar para o caminho golpista.

Mentira: O governo está usando violência para reprimir os protestos.

Verdade: Nenhuma manifestação foi reprimida. O único confronto entre policiais e opositores ocorreu no dia 17 de fevereiro, quando, ao final de um protesto, grupos de choque da direita atacaram edifícios públicos no centro de Caracas, incendiando a sede da Procuradoria- Geral da República e ferindo dezenas de pessoas. Nestas últimas semanas, as ações violentas da oposição têm se multiplicado pelo país. A casa do governador (chavista) do Estado de Táchira foi invadida e depredada. Caminhões oficiais e postos de abastecimento têm sido destruídos. Recentemente, duas pessoas, que transitavam de motocicleta, morreram devido aos fios de arame farpado que opositores estendem a fim de bloquear as ruas.

Mentira: O governo controla a mídia.

Verdade: Cerca de 80% dos meios de comunicação pertencem a empresas privadas, quase todas de orientação opositora. Mas o governo recebe o apoio das emissoras estatais e também de centenas de rádios e TVs comunitárias, ligadas aos movimentos sociais e às organizações de esquerda. Isso garante a pluralidade política e ideológica na mídia venezuelana – algo que, infelizmente, não existe no Brasil, onde a direita controla quase totalmente os meios de comunicação.

Mentira: Os Estados Unidos acompanham a situação à distância, preocupados com os direitos humanos e os valores democráticos, para que não sejam violados.

Verdade: Desde a primeira posse de Chávez, em 1999, o governo estadunidense tem se esforçado para derrubar o governo venezuelano e devolver o poder aos políticos de direita. Está amplamente comprovado o envolvimento dos Estados Unidos no golpe de 2002, quando Chávez foi deposto por uma aliança entre empresários, setores militares e emissoras de televisão. Desde então, a oposição tem recebido dinheiro e orientação de Washington.

Mentira: Os problemas no abastecimento transformaram a vida cotidiana num inferno.

Verdade: Existe, de fato, a falta constante de certos bens de consumo, como roupas, produtos de higiene e limpeza e peças para automóveis, mas o acesso aos produtos essenciais (principalmente alimentos e medicamentos) está garantido para o conjunto da população. Isso ocorre graças à existência de uma rede de 23 mil pontos de venda estatais, espalhados por todo o país, sobretudo nos bairros pobres. Lá, os preços são pelo menos 50% menores do que os valores de mercado, devido aos subsídios oficiais. É importante ressaltar que o principal motivo da escassez não é nem a inexistência de dinheiro para realizar importações nem a incapacidade do governo na distribuição dos produtos. Grande parte das mercadorias em falta são contrabandeadas para a Colômbia por meio de uma rede clandestina à qual estão ligados empresários de oposição.

Mentira: A atual onda de protestos é protagonizada pela juventude, que está em rebelião contra o governo.

Verdade: Os jovens que participam dos protestos pertencem, na sua quase totalidade, a famílias das classes alta e média-alta, que constituem a quarta parte da população. Isso pode facilmente ser constatado pela imagem dos estudantes que aparecem na mídia. São, quase todos, brancos – grupo étnico que não ultrapassa 20% da população venezuelana, cuja marca é a mistura racial. E não é por acaso que os redutos dos jovens oposicionistas sejam as faculdades particulares e as universidades públicas de elite. Os jovens opositores são minoria. Do contrário, como se explica que o chavismo ganhe as eleições em um país onde 60% da população têm menos de 30 anos? Uma pesquisa recente, com base em 10 mil entrevistas com jovens entre 14 e 29 anos, revelou que 61% deles consideram o socialismo como a melhor forma de organização da sociedade, contra 13% que preferem o capitalismo.

Mentira: A economia venezuelana está em colapso.

Verdade: O país enfrenta problemas econômicos, alguns deles graves, como a inflação de mais de 56% nos últimos 12 meses. Mas não se trata de uma situação de falência, como ocorre na Europa. A Venezuela tem superávit comercial, ou seja, exporta mais do que importa, e possui reservas monetárias para bancar ao menos sete meses de compras no exterior. É um país sem dívidas. A principal dificuldade econômica é a falta de crédito, causada pelo boicote dos bancos internacionais.

Mentira: A insegurança pública está cada vez pior.

Verdade: A Venezuela enfrenta altos níveis de criminalidade, assim como outros países latino-americanos, inclusive o Brasil. Esse tema é uma das prioridades do governo Maduro, que chegou a mobilizar tropas do Exército no policiamento de certas áreas urbanas, com bons resultados. A melhoria da segurança pública foi justamente o tema do diálogo entre o governo e a oposição, iniciado no final do ano passado, por iniciativa do presidente. O próprio Chávez, em seu último mandato, criou a Polícia Nacional Bolivariana, a fim de compensar as deficiências do aparato de segurança tradicional, famoso pela corrupção. Outra estratégia é o diálogo com as “gangues” juvenis a fim de afastá-las do narcotráfico e atraí-las para atividades úteis, como o trabalho na comunidade e a produção cultural. A grande diferença entre a Venezuela e o Brasil, nesse ponto, é que lá o combate à criminalidade ocorre num marco de respeito aos direitos humanos. A política de segurança pública venezuelana descarta o extermínio de jovens nas regiões pobres, como ocorre no Brasil.

*Igor Fuser é jornalista e professor de jornalismo na Faculdade Cásper Líbero

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

UJS realiza curso e Plenária Estadual em Carpina

Entre os dias 6 e 8 de fevereiro, a União da Juventude Socialista (UJS), realizou um Curso Estadual de Formação Política e no dia 9 de fevereiro, uma Plenária Estadual. Tudo aconteceu na cidade de Carpina, localizada na Zona da Mata Norte. As atividades contaram com a presença de 100 militantes e dirigentes de todas as regiões de Pernambuco.

Presidenta da UJS Pernambuco na Plenária Estadual
O Curso Estadual teve inicio na noite do dia 6, com a presença do Secretário de Organização do PCdoB em Pernambuco, Ossi Ferreira, que abordou a Conjuntura Nacional / Estadual e os principais desafios do ano de 2014. Os dois dias seguintes, foram dedicados a aulas de Economia, Estado & Classe, Filosofia e Socialismo, além de debates conjunturais como a Copa e seu legado. A participação de professores da escola estadual do PCdoB foi fundamental para a realização do curso. Estiveram presentes Zelito Passavante e Helmilton Beserra, do módulo de Filosofia; Nilson Vellazquez e Clarence Santos, do módulo de Estado e Classe; Luiz Henrique (Galego) e Luiz Alves, do módulo de Economia; Inamara Melo e Matheus Lins, do módulo de Socialismo; Além de Danilo Moreira, debatendo sobre a Copa, tivemos também a participação de ex-dirigentes da UJS no estado para o ato de comemoração dos 30 anos entidade: Sidney Mamede, Thiago Mondenesi e Ossi Ferreira.

Intervenções durante a aula de Filosofia, com Zelito Passavante
O domingo, 9, foi reservado para a Plenária Estadual da UJS Pernambuco. Representando a Direção Nacional, este presente Flávio Panetone, Diretor de Organização Nacional da UJS, que contribuiu no debate acerca das perspectivas e desafios que os jovens socialistas enfrentarão na construção do 17º Congresso da entidade e ao longo do ano de 2014. Em seguida, a Presidenta Estadual da UJS, Thiara Milhomem, tratou sobre a construção do Congresso da UJS em Pernambuco e dos desafios da organização no estado. Convocou todos os militantes da organização a construir o “maior Congresso da história da UJS em Pernambuco. Em praça pública e para mais de mil jovens de todas as tribos e regiões do estado”. Em seguida, a Diretora Estadual de Organização da UJS, Amanda Mello, apresentou o plano de ação que visa filiar e organizar cerca de 40 mil jovens no estado.

Plenário lotado na abertura do Curso Estadual, com Ossi Ferreira
Em clima de muita unidade, o plano de ação foi aprovado e em seguida foram eleitos jovens para cuidar de diversas frentes de atuação da UJS, como: Movimento Hip Hop, Mulheres, LGBT, Cultura, Jovens Trabalhadores e PPJ. Na oportunidade, o Diretor de Comunicação da UJS Pernambuco, Matheus Lins, apresentou uma novidade nas Redes Sociais da organização, que a partir de agora, conta com a publicação semanal de artigos de dois militantes que se encontram estudando fora do país. São eles: Nelson Barros (China) e Vinícius Soares (EUA). No ano em que completa 30 anos, a UJS demonstrou força e consolida-se como maior organização política de jovens do Brasil.

Ato em comemoração dos 30 anos da UJS

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

100 anos do Santa Cruz, o time do Povo.

Na segunda-feira, dia 03 de fevereiro de 2014, completou exatos 100 anos o maior clube do Nordeste, um dos maiores do Brasil. O poderoso Santa Cruz é grandioso pelo seu valor histórico, seus feitos e vários títulos. Mas, sobretudo, o Santa Cruz é grande por ter uma enorme massa, composta pela população mais humilde do Recife, que dribla as dificuldades para poder apreciar e acompanhar seus passos. São milhões de torcedores que enfrentaram alegrias e tristezas, momentos de conquistas e rebaixamentos. Mas que nunca, em momento algum, pensaram em abandonar essa entidade que simboliza a alegria dos pernambucanos mais sofridos e lutadores.



Ser santacruzense é muito mais do que ser um mero e simples torcedor. Torcer para o Santa Cruz é uma decisão para a vida toda. Que passa de geração em geração. Que supera todas as dificuldades, rememorando as glórias do passado, e sempre acreditando num futuro de muitas conquistas e alegrias. Ser santacruzense é nunca baixar a cabeça e sempre ter orgulho de dizer que é SANTA CRUZ. Ser santacruzense é honrar a memória de 11 jovens recifenses que tiveram a ousadia de organizar um Clube de futebol com identidade popular e aberto aqueles que não eram da alta sociedade no inicio do século XX. É se orgulhar de torcer para um time que enfrentou o racismo e teve entre seus atletas o primeiro mulato e o primeiro negro jogadores de futebol em pernambuco. É se orgulhar de nunca ter se submetido ao poder econômico dos clubes do sul em organizações corruptas e fraudulentas com o Clube dos 13 e Cia. Organizações que sucatearam o futebol nordestino, mesmo tendo entre eles 3 representantes, que se favoreceram do poder econômico e impuseram um hegemonia descabida e antidesportiva.

São 100 anos de uma história rica e emocionante. História que teve milhares de personagens. Alguns deles se destacam e enriquecem nosso passado. Não listando em ordem cronológica, gostaria de mencionar Tará, Birigui, Givanildo Oliveira, Carlinhos Bala, Ramon, Amarildo, Luiz Neto, Thiago Cardoso, Nunes, Betinho, Elói, Célio, Zé do Carmo, Dênis Marques e Flávio Caça-Rato. Uma fração dos muitos jogadores que ajudaram a construir a história do Santa Cruz.

Que venham mais 100 anos. Recheados de muitas conquistas e vitórias. Mas sempre com uma boa pitada de emoção. Porque, afinal, se for fácil não é SANTA CRUZ! Um viva a torcida MAIS APAIXONADA DO BRASIL.