No dia de ontem (05 de maio de 2011), vivemos no Recife um dia histórico. Um dia onde toda a população reviveu um dos maiores momentos de pânico coletivo e desinformação de nossa recente história. "Taparucá Estourou", essa frase foi capaz de fechar comércios, estabelecimentos de ensino e repartições públicas. Assim como naquele fatídico 21 de julho de 1975, um mega-boato sobre o rompimento da barragem de Tapacurá mexeu com a vida de toda a população recifense.
Grandes engarrafamentos se formaram nas principais vias da cidade. Ônibus passavam com suas lotações máximas e centenas de pessoas lotavam as paradas de ônibus. Dúvida, incerteza e desinformação deram a tônica hoje no centro do recife. Bairros foram alagados e a todo momento chegavam mais noticias ruins.
Quem sentiu de perto vai ter muita história para contar. Pois é, ontem revivemos um dos dias mais marcantes da história recente do Recife. Uma lenda urbana que serviu de conto a duas gerações, ontem pode ser sentido na pele pelos mais novos. "Tapacurá Estourou" marcou mais uma vez a história do Recife. Só falta agora acharem a "Perna cabeluda", "Biu do olho verde" e o "Galego do Coque".
Publico agora, duas matérias sobre o assunto:
21 de julho de 1975 - TAPACURÁ ESTOUROU!
Foto: Av. Guararapes. Pânico coletivo no Recife. DP 17.07.2005 |
"No século XX , qualquer cheia não tem as mesma proporções catastróficas e jornalísticas como a de 1975, chamada por alguns recifenses como “dilúvio”.
O governo militar menciona a construção da barragem de Tapacurá como a solução para dois grandes problemas dos recifenses: a falta d’água e as enchentes. A construção desta é feita entre os anos de 1969 e 1973. Segundo as propagandas do governo, a barragem conteria as águas responsáveis pelas enchentes no Recife. Os recifenses que haviam sofrido a última grande cheia em 1966, tinham, portanto a tranqüilidade de que a cidade não voltasse a sofrer com tais problemas. Tudo propaganda enganosa. Dois anos após a inauguração da barragem a cidade enfrentou a maior cheia do século XX. Segundo o Diário de Pernambuco dos dias 17 e 18 de julho de 1975, 80% da cidade ficou submersa com a morte de 107 pessoas. Ainda segundo o jornal 31 bairros da capital ficaram submersos, a rede elétrica foi cortada em 70%, quase todos os Hospitais ficaram em baixo d’agua. O Recife ficou isolado do resto do país durante dois dias. Pontes foram danificadas, como a Ponte da Boa Vista, que possui na cabeceira da Rua da Imperatriz uma placa da Prefeitura do Recife, informando restauro depois da cheia.
O diferencial da enchente de 1975 é o posterior. Quando a cidade estava ainda se recuperando do acontecido, no dia 21 de julho, sem explicação surge o boato que barragem de Tapacurá havia se rompido e que uma onda gigante varreria a cidade. Era 10 horas da manhã e o pânico se espalhou. As pessoas não sabiam para onde corriam. Carros eram deixados no meio das ruas, outros tentavam alcançar os andares mais altos dos edifícios ou mesmo pontos altos da cidade.
O mal entendido só foi resolvido uma hora depois quando carros de som espalhados pela cidade faziam o desmentido além dos outros veículos de comunicação (rádio e TV). Na edição do Diário de Pernambuco do dia 22 de julho, é afirmado que três pessoas morreram do coração com o susto. O fato é que as barragens que contiveram as cheias do Capibaribe foram as de Carpina e Goitá inauguradas em 1978."
O dia em que o Recife reviveu o boato de Tapacurá
"Boatos de que barragens teriam estourado e que uma tempestade cairia sobre o Recife tomaram conta das redes sociais no decorrer desta quinta-feira (5), provocando um caos generalizado pela cidade. Por volta das 16h, shoppings da Grande Recife fecharam suas portas, além de Faculdades como a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Católica e Faculdade Mauricio de Nassau, que liberaram seus alunos das aulas noturnas. Orgãos públicos também liberaram seus funcionários antes do horário previsto.
Vários pontos da Cidade ficaram realmente alagados por causa do nível dos rios, que subiu com o pico de maré das 17h15. No bairro do cordeiro, Zona Oeste do Recife, o canal Santa Rosa transbordou e criou um lago na Rua Odete Monteiro, que dá acesso à Paralela da Caxangá.
Em áreas mais nobres da cidade, não houve muita diferença. Locais como a Rua Alberto Paiva, ao lado do Colégio São Luiz, nas Graças, ou a Rua Dr. João Santos, ao lado do shopping Plaza, Casa forte, além da Rua João Tudi de Melo, no Parnamirim, em frente ao restaurante Guaiamum Gigante, viraram "rios". Carros pequenos tiveram que retornar ou pegar desvios, muitas vezes na contramão. Quem tentou seguir assumiu o risco de ficar preso na água.
O trânsito ficou complicado na cidade até as 21h, quando começou a se normalizar. O balanço geral da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU), das 0h até as 17h30 da quita, foi de 70 semáforos com algum tipo de defeito. Além disso, ainda foram registradas mais de 40 colisões de veículos, sem vítimas graves.
Támbém foram registrados pontos de alagamento nos dois sentidos do Cais José Estelita, Bairro do Recife, e nas Avenidas Dr. José Rufino, na Estância, Avenida Dois Rios, no Ibura, Avenida Recife, em Areias, Avenida Rui Barbosa, nas Graças, e na Rua Leonardo Bezerra Cavalcante, Casa Forte.
A situação estava tão crítica no meio da tarde que o Governador Eduardo Campos concedeu entrevista em diversas rádios para acalmar a população com informações verdadeiras do que estava ocorrendo nas barragens do Estado."
Confira a entrevista na Rádio Jornal:
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