quarta-feira, 3 de abril de 2013

Blogueiros criam fundo para batalhas judiciais


Reunidos ontem à noite na sede do Centro de Estudos de Mídia Barão de Itararé, em São Paulo, blogueiros, ativistas, militantes de partidos políticos, movimentos sociais e advogados decidiram, por consenso, criar um fundo para socorrer financeiramente colegas que sejam alvo de processos judiciais, ameaças ou violência em todo o Brasil.

O fundo de emergência será inicialmente organizado pelo Conselho Nacional da blogosfera, formado por 26 ativistas de todo o Brasil no mais recente encontro da entidade, em Salvador, na Bahia. Uma conta bancária receberá as contribuições de internautas, por enquanto em nome do Barão de Itararé. Decidiu-se também que a entidade terá um corpo jurídico exclusivamente devotado à defesa de blogueiros.

Segundo Altamiro Borges, presidente do Centro, a judicialização do debate político e a ameaça a poderes nunca antes questionados multiplicou o número de ações, que incluem ameaças, agressões e assassinatos.

“Os coronéis acostumados a mandar sem contestação ou crítica, seja em nível nacional, estadual ou local, encontram na Justiça frequentemente o caminho para calar ou intimidar a blogosfera”, afirmou Altamiro. “Com isso, escapam do debate das questões políticas de fundo, como a da democratização da mídia, para um terreno no qual dispõem de maiores recursos”, aduziu.

Presentes, os blogueiros Paulo Henrique Amorim, Rodrigo Vianna e Lino Bocchini — além deste que vos escreve –, que enfrentam na Justiça ações movidas por grandes corporações da mídia, declararam que não pretendem recorrer ao fundo, nem agora nem no futuro. Conceição Lemes, editora-chefe do Viomundo, explicou: “Há gente que nem dispõe de advogado e que, por falta de recursos, se cala diante de autoridades em várias partes do Brasil. Não é o nosso caso”.

Eduardo Guimarães deixou claro: “É importante que o fundo de apoio a blogueiros tenha critérios claros e pré-estabelecidos para aqueles que serão beneficiados em caso de necessidade. Sugiro que os que se interessarem por tal apoio façam uma contribuição mensal — pequena, talvez simbólica –, de forma que integre o esforço que está sendo empreendido e, assim, faça jus ao eventual apoio do qual poderá vir a precisar. Dessa maneira, não haverá questionamento sobre quem vier ou não a ser apoiado”.

Embora as decisões futuras ainda dependam do Conselho Nacional, vários oradores lembraram como absolutamente prioritário o caso do jornalista/blogueiro Lúcio Flávio Pinto, do Pará. Editor do Jornal Pessoal, Lúcio Flávio foi condenado pelo Superior Tribunal de Justiça a indenizar Cecílio do Rego Almeida, a quem acusou de ser grileiro de terras.

Fonte: Barão de Itararé

terça-feira, 2 de abril de 2013

Lula declara apoio à candidatura de Maduro na Venezuela



O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, declara seu apoio ao povo Venezuelano e a continuidade da revolução bolivariana. Neste vídeo, Lula pede que todo povo venezuelano se una em trono de Nicolás Maduro para continuar o trabalho iniciado por Hugo Chávez. Em defesa da soberania nacional e da integração da América Latina.

"Maduro presidente, é a Venezuela que Chávez sonhou!"

sexta-feira, 15 de março de 2013

UJS Pernambuco realiza seminário e plenária neste final de semana


A União da Juventude Socialista (UJS), realizará neste final de semana um seminário de formação política para debater os desafios da educação no estado de Pernambuco e no Brasil. Serão debatidos vários temas envolvendo todas as áreas da educação, do ensino básico a pós-graduação. Participará do debate, o Presidente do Sindicato dos Professores da rede privada de Pernambuco (SINPRO-PE), Jackson Bezerra e o Professor da rede Municipal de Igarassu e secretário de formação da UJS-PE, Nilson Vellazquez.

Logo após o seminário sobre Educação, os militantes da UJS debaterão sobre a Conjuntura, com a participação do Presidente Nacional da UJS, André Tokarski e do Secretário de Organização do PCdoB em Pernambuco, Ossi Ferreira. Fechando o sábado acontecerá o Cine Clube Socialista.

No domingo, todas as atenções serão voltadas a Plenária estadual da UJS, onde serão debatidos e deliberados temas referentes a organização da UJS em Pernambuco e sua participação nos fóruns do movimento estudantil, Congresso da UNE, UEP, UMES e UBES.

Serviço:

Seminário \ Plenária da UJS-PE

Local: Sindicato dos Professores de Pernambuco (SINPRO-PE)
Endereço: R. Almeida Cunha, 65 - Santo Amaro (Proximo a UNICAP e CONTAX)
Data \ Horário: Dia 16\03 - das 09h as 20h | Dia 17\03 - das 09h as 16h


Firme na LUTA!

Prefeitura e UFPE se aproximam para projetos de mobilidade e urbanismo

Foto: Andréa Rêgo Barros/PCR
Mobilidade, urbanismo, desenvolvimento econômico e parques tecnológicos estão na pauta dos diálogos entre Prefeitura do Recife e Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Na última quinta-feira (14) o Reitor da UFPE, Anísio Brasileiro, foi recebido pelo prefeito Geraldo Julio e pelo vice-prefeito Luciano Siqueira (PCdoB), no gabinete do gestor municipal, onde tiveram as primeiras conversas sobre futuros convênios nas referidas áreas.

No encontro, o reitor colocou a UFPE à disposição para contribuir com os novos projetos para o Recife. "Esperamos discutir assuntos de interesse comum, como desenvolvimento urbano, educação, avanço do mar, parques tecnológicos e capacitação de pessoal", disse.

O prefeito ressaltou a importância da contribuição da academia para os projetos de desenvolvimento do Recife. "A universidade tem papel importante na história da cidade, por isso esperamos ter uma atuação bastante próxima", afirmou. "Temos que nos afinar com a academia porque precisamos formar os profissionais para esta nova economia que estamos vivendo", atentou o prefeito.

Também participaram da reunião o vice-reitor da UFPE, Sílvio Romero Marques, o diretor de relações institucionais da universidade, Ivaldo Pontes, e a chefe de gabinete da reitoria, Solange Coutinho.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Familia de Vladmir Herzog receberá novo atestado de óbito


A família de Vladimir Herzog vai receber amanhã (15) uma nova versão do atestado de óbito do jornalista, que foi corrigido por determinação da Justiça.

O evento acontecerá no Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP). No mesmo ato, a Comissão de Anistia, do Ministério da Justiça, fará um julgamento simbólico para que o estudante de geologia da USP Alexandre Vannucchi Leme, morto em 1973, receba a anistia política.

Receberão o novo atestado a viúva do jornalista, Clarice, e os filhos Ivo e Lucas Herzog. Em vez de suicídio, o documento dirá que a morte decorreu de lesões e maus tratos sofridos em dependência do 2º Exército de São Paulo.

Vlado, como é conhecido o jornalista, morreu em 1975 após uma sessão de tortura no DOI-Codi, em São Paulo, mas a versão divulgada pelo Exército na época foi a de suicídio.

Em 24 de setembro de 2012, o juiz Márcio Bonilha Filho, da 2ª Vara de Registros Públicos de São Paulo, acatou pedido da Comissão Nacional da Verdade e da família para que fosse feita a retificação.

Após a decisão do juiz, a promotora Elaine Maria Barreira Garcia chegou a entrar com recurso para substituir o texto para morte violenta, de causa desconhecida. O pedido, no entanto, foi negado pela Justiça paulista.

Herzog compareceu espontaneamente ao DOI-Codi após ter sido procurado por agentes da repressão em sua casa e na TV Cultura, onde trabalhava como diretor de jornalismo. O jornalista foi torturado e espancado até a morte.

A morte gerou manifestações, como a famosa missa na catedral da Sé, em São Paulo, e contribuiu para que o presidente Ernesto Geisel e seu ministro Golbery do Couto e Silva vencessem a queda de braço com a linha dura da ditadura, que pedia um aperto na perseguição à esquerda, sob o argumento de que o país vivia a ameaça do comunismo.

Fonte: Agência Folhapress

As elites brasileiras detestam Chávez

Por João Sicsú*

Não pensei em escrever para homenagear Hugo Chávez. Ele merece. Mas já li tantas homenagens que me senti contemplado. Resolvi, contudo, escrever. O motivo: indignação.

Em uma rádio de grande audiência dedicada ao jornalismo, que vai ao ar no Rio e em São Paulo, todos os dias às 8h42 da manhã há uma sessão de humor. Quinta-feira, 7 de março, contaram piadas com muitas risadas sobre a morte do presidente venezuelano.

Esse é o tipo de jornalismo e humor que ofendem os bons humoristas e profissionais da comunicação. Duvido que fizessem essas piadas sobre a morte de seus milionários patrões que enriquecem no mercado concentrado de comunicação. A indignação e o repúdio ao desrespeito me levaram a coletar dados para explicar objetivamente porque as elites brasileiras detestam Chávez.

Certos jornalistas e humoristas não sabem o que o povo venezuelano sabe, sente e vive. Aliás, não sabem nada nem sobre o povo brasileiro. Outro dia, um de seus amigos pediu socorro para saber o significado de “povo, gente, emprego”. Mas o povo pobre da Venezuela sabe o que ganhou com Chávez.

Em uma publicação da ONU intitulada Habitat, lançada em agosto do ano passado, há números e gráficos comparativos do “estado das cidades na América Latina e no Caribe”. O relatório trata de muitos temas que interessam a pesquisadores, gestores e moradores de grandes cidades. Seus números ajudam a entender também por que o povo da Venezuela está nas ruas chorando por Chávez.

As análises contidas no documento da ONU têm qualidade. São comparações internacionais que possuem grande utilidade. Caracas e as cidades da Venezuela apresentam números que despertam interesse:

1) Em 1999, a Venezuela tinha 49% da sua população urbana em situação de pobreza e indigência. Em 2010, este percentual foi reduzido para 28%.

2) Entre 26 cidades selecionadas, o menor índice de Gini entre seus habitantes é o de Caracas, que é inferior a 0,40. No Brasil, é 0,5. Este índice mede a desigualdade de renda.

3) Nas cidades da Venezuela, mais de 80% das residências são ocupadas por seus proprietários. Na Colômbia, este número é inferior a 50%. A Venezuela é a melhor neste quesito; a Colômbia, a pior.

4) Na América Latina e no Caribe, a proporção de população urbana que tem saneamento está entre 80 e 85%. Na Venezuela, está próxima de 95%. Na Venezuela, 90% da população urbana recebem água encanada.

5) De 21 países selecionados, a maior cobertura de coleta de lixo urbana ocorre na Venezuela. A pior está no Paraguai.

6) Em 21 cidades selecionadas, mostra-se que o gasto médio mensal de um usuário regular de ônibus; em Caracas, é de 6% do salário mínimo. Em Buenos Aires, se gasta 5% e, em São Paulo e no Rio de Janeiro, 12%.

São esses números que os Jardins (em São Paulo) e o Leblon (no Rio) desconhecem. Nem fazem qualquer esforço para conhecê-los. Preferem ser informados pelos veículos que trazem conforto interno e energia para combater as possibilidades de mobilidade social – seja aqui, seja na Venezuela. Sãos os mesmos veículos que fazem piada com a dor do povo venezuelano.


* João Sicsú é Professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi diretor de Políticas e Estudos Macroeconômicos do IPEA entre 2007 e 2011


Fonte: www.cartacapital.com.br

PCdoB faz campanha de rádio e TV com temas do Programa Socialista

A partir desta quinta-feira (14) e nos dias 16, 28 e 30 de março, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) fará uma campanha de rádio e TV por meio de cinco diferentes mensagens de 30 segundos cada. 

No mês de aniversário de 91 anos do Partido, que são comemorados em 25 de março, o PCdoB terá cinco minutos diários onde, resumidamente, contará sua história de luta e de conquistas em mais de 90 anos. No dia 28, será transmitido em cadeia nacional de rádio e TV o programa de 10 minutos.

As mensagens em vídeo terão a participação do presidente nacional do partido, Renato Rabelo, do ministro do Esporte Aldo Rebelo, do presidente da Embratur, Flávio Dino, do senador cearense Inácio Arruda e da deputada federal gaúcha, Manuela D’Àvila.

As mensagens abordam aspectos do programa partidário como a luta pela democracia plena, a soberania nacional, o desenvolvimento, o progresso social e a integração latino-americana. A luta pelas reformas democráticas, contra as desigualdades e pelo fortalecimento das lutas sociais também são abordados nos quadros. Em sua fala, o presidente do PCdoB ainda aborda as conquistas que o povo brasileiro já obteve nestes últimos dez anos, com governos progressistas.

Com o slogan “É isso que o PCdoB defende nestes mais de 90 anos. Uma mesma cara, uma mesma história, um mesmo partido”, o PCdoB tenta mostrar ao grande público que este é um partido que trilha o caminho da justiça social, da democracia e do desenvolvimento, um partido comunista que objetiva o socialismo com a cara do Brasil.

Veja todas as inserções em sequência:


quarta-feira, 13 de março de 2013

Como desconstruir frágeis argumentos de um alienado

Veja como é fácil desconstruir frágeis argumentos de pessoas alienadas que reproduzem qualquer coisa que escutam por ai.



Fonte: http://www.facebook.com/redeesgotodetelevisao

Aldo Rebelo: Boa alimentação, atletas competitivos

O brasileiro está mais forte, mais bem nutrido e mais alto – eis uma excelente notícia para um país que, pelo aumento da quantidade de atletas em atividade, pretende conquistar qualidade e vitórias em competições internacionais. 


Coluna do ministro Aldo Rebelo* no jornal Diário de São Paulo

A relação entre esporte e alimentação está sofisticada a ponto de para cada modalidade indicar-se uma dieta específica, com grupos de alimentos que vão influir no desempenho.

O ciclo virtuoso que o Brasil vive tem proporcionado mais renda, acesso à informação e alimentação farta às camadas populares. Programas como Fome-Zero e Bolsa-Família abastecem a mesa do povo com mais e novos grupos de alimentos. 

Pesquisas demonstram que 73,7% das famílias inscritas nos programas não só aumentaram a quantidade como também a variedade do cardápio diário. As crianças, em 69% das famílias, passaram a consumir produtos lácteos, ricos de proteínas essenciais ao desenvolvimento ao menos até dois anos de idade.

Houve um tempo em que as Forças Armadas tinham dificuldade de engajar jovens no serviço militar por causa da baixa estatura. No Exército, a média dos recrutas era de 1,64 m na década de 1980 e subiu para 1,74 m em 2011. 

Fenômeno semelhante ocorre no esporte. Talento e treino são essenciais, mas há modalidades, como basquete e vôlei, em que o tamanho faz diferença. As jogadoras principalmente estão mais altas. 

Se a estrela Hortência, que seria excepcional com qualquer altura, foi uma grande cestinha com 1,74 m, hoje as integrantes da seleção brasileira de basquete passam de 1,80 e algumas, como Clarissa, Nádia e Érica, medem mais de 1,90 m.

A mesa farta do brasileiro é portanto um indicador de que uma antiga limitação está sendo vencida. Crianças e adolescentes já começam a praticar esporte com o corpo sadio e preparado para atender às exigências dos músculos e do cérebro.

*Aldo Rebelo é ministro do Esporte.

terça-feira, 12 de março de 2013

Olinda festeja com alegria seus 478 anos de história

Uma comemoração com artistas da terra, muito frevo e um delicioso bolo recheado gigante. Estes são os ingredientes que vão temperar a festa da ilustre aniversariante do mês: a linda Olinda. A cidade, que recentemente foi palco de um dos carnavais mais visitados do Brasil, agora se prepara para comemorar, em grande estilo, os seus 478 anos. A partir das 18:30, do dia 12 de março, todos os olindenses e amantes da Cidade Patrimônio estão convidados para participar da solenidade em frente ao Palácio dos Governadores, atual sede da Prefeitura de Olinda.

No palco, montado especialmente para a festa, será entoado o “parabéns” para a cidade e cortado o bolo gigante, que mais uma vez pesa a mesma quantidade de anos completos da aniversariante, e será carinhosamente feito com um delicioso recheio de chocolate e coberto com arte em papel arroz. O quitute, que começa a ser confeccionado no dia anterior à festa, será montado no local a partir das 15h. A novidade é que, este ano, a iguaria será decorada em homenagem ao frevo pelo merecido título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

A animação ficará por conta do afoxé Oxum Pandá e D’Breck. O Coral Encanto de Olinda, representado por 100 crianças que integram os projetos sócio assistenciais desenvolvidos pela Secretaria de Desenvolvimento Social, Cidadania e Direitos Humanos do município, fará a abertura do evento, que contará ainda com a participação do Maestro Spok e banda.

E a folia não poderia ficar de fora da comemoração! Para aumentar ainda mais a animação dos participantes, cortejos com passistas e estandartes da Associação Carnavalesca de Olinda desfilarão pela cidade. A festa contará também com a presença das Conxitas, Patusco, Maracambuco, caboclos de lança, escolas de samba Preto velho e Oriente, Bandeirante do Samba, além das tradicionais serenatas com a participação dos Seresteiros de Olinda e Luar de Olinda.

HISTÓRICO – Em 1537, o povoado de Olinda cresceu tanto, que foi elevado à categoria de vila. Assim, em 12 de março, do mesmo ano, Duarte Coelho enviou ao rei de Portugal, D. João III, o Foral, carta de doação que descrevia todos os lugares e benfeitorias existentes na Vila de Olinda. Assim surgia a Cidade Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade, A Marin dos Caetés, a grande homenageada do dia.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Fidel Castro: Perdemos nosso melhor amigo

O comandante da Revolução Cubana, Fidel Castro, assim se referiu ao falecimento do comandante presidente da Venezuela, Hugo Chávez Frías, ocorrido na última terça-feira (5). Leia a sua reflexão. 


No dia 5 de março, ao final da tarde, faleceu o melhor amigo que o povo cubano já teve, ao longo da sua história. Uma chamada via satélite comunicou a amarga notícia. O significado da frase empregada era inconfundível. Ainda que conhecêssemos o estado crítico da sua saúde, a notícia nos golpeou com força. Eu recordava das vezes em que brincou comigo, dizendo que quando ambos tivéssemos concluído a nossa tarefa revolucionária, me convidaria a passear pelo rio Arauca, em território venezuelano, que o fazia lembrar-se do descanso que nunca teve.

Cabe a nós a honra de ter compartido com o líder bolivariano os mesmos ideais de justiça social e de apoio aos explorados. Os pobres são os pobres em qualquer parte do mundo.

“Dê-me, Venezuela, em que servir-lhe: ela tem em mim um filho”, proclamou o Herói Nacional e Apóstolo da nossa independência, José Martí, um viajante que, sem limpar-se do pó do caminho, perguntou onde estava a estátua de Bolívar.

Martí conheceu o monstro porque viveu em suas entranhas. É possível ignorar as profundas palavras que verteu em carta inconclusa ao seu amigo Manuel Mercado, na véspera da sua queda em combate? “... já estou todos os dias em perigo de dar a minha vida por meu país, e por meu dever – posto que o entendo e tenho ânimo com que realizá-lo – de impedir a tempo, com a independência de Cuba, que se estendam pelas Antilhas os Estados Unidos, e caiam, com mais essa força, sobre as nossas terras da América. O quanto fiz até hoje, e farei, é para isso. Em silêncio, teve que ser, e indiretamente, porque há coisas que, para consegui-las, têm de andar ocultas ...”

Havia passado então 66 anos desde que o Libertador Simón Bolívar escreveu: “... os Estados Unidos parecem destinados pela Providência a infestar a América de misérias em nome da Liberdade”.

Em 23 de janeiro de 1959, 22 dias depois do triunfo revolucionário em Cuba, visitei a Venezuela para agradecer ao seu povo, e ao governo que assumiu o poder depois da ditadura de Pérez Jiménez, pelo envio de 150 fuzis, no final de 1958. Disse, então:

“…a Venezuela é a pátria do Libertador, onde se concebeu a ideia de união dos povos da América. Logo, a Venezuela deve ser o país líder da união entre os povos da América; nós cubanos respaldamos nossos irmãos da Venezuela.

“Falei destas ideias não porque me move alguma ambição de tipo pessoal, ou sequer uma ambição de glória, porque, ao fim e ao cabo, a ambição por glória não deixa de ser uma vaidade, e como disse Martí: ‘Toda a glória do mundo cabe em um grão de milho.”

“Assim que, portanto, ao vir falar assim ao povo da Venezuela, o faço pensando honrada e profundamente, que se queremos salvar a América, se queremos salvar a liberdade de cada uma das nossas sociedades, que, ao fim e ao cabo, são parte de uma grande sociedade, que é a sociedade da América Latina; se queremos mesmo salvar a revolução de Cuba, a revolução da Venezuela e a revolução de todos os países do nosso continente, temos que aproximar-nos e temos que respaldarmo-nos solidamente, porque sozinhos e divididos, fracassamos.”

Isso disse naquele dia, e hoje, 54 anos depois, o ratifico!

Devo apenas incluir naquela lista aos demais povos do mundo que, durante mais de meio século, têm sido vítimas da exploração e do saque. Essa foi a luta de Hugo Chávez. Nem sequer ele próprio suspeitava quão grande era.

Até a vitória, sempre, inesquecível amigo!

Fidel Castro Ruz, em 11 de março de 2013

Fonte: Cubadebate
Tradução: Moara Crivelente, da Redação do Vermelho

terça-feira, 5 de março de 2013

Morre o presidente venezuelano, Hugo Chávez Frías

Emocionado, o vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro anunciou, nesta terça-feira (5), a morte do presidente Hugo Chávez Frías, que lutava contra um câncer. Chávez morreu às 16h25 locais (18h55 horário de Brasília). A notícia foi dada em cadeia nacional às 19 horas (horário de Brasília).

Por Vanessa Silva, do Portal Vermelho


“Sabemos que este mundo tem um amor muito grande por este que desenvolveu os projetos mais lindos e humanistas que se conheceu em décadas na Venezuela, projetos pela independência e a paz”, disse Maduro. 

Após receber a notícia, o vice-presidente se reuniu com as filhas e familiares do presidente para confortá-los.

Maduro ressaltou o legado deixado pelo presidente que “não morrerá nunca”. Neste momento de dor pediu aos “compatriotas muita coragem, e muita força. Temos que crescer nesta dor, temos que nos unir na maior disciplina, colaboração e irmandade. Somos irmãos de um homem gigante, como sempre foi e será Hugo Chávez. Que não haja fraqueza, violência, ódio. Somente o único sentimento que teve Chávez por seu povo: amor pelo futuro, paz e disciplina”.

O líder venezuelano lembrou a mensagem de Chávez quando, em 8 de dezembro partiu rumo a Havana, Cuba, onde deu continuidade ao tratamento. “Nossa maior vitória é a união do povo pela paz. E a união das forças armadas”, disse o comandante na ocasião. 

Aos que tentam desestabilizar o país, Maduro pediu respeito: “Há um governo de homens e mulheres comprometidos em protegê-lo. Os que nunca concordaram com Chávez, respeitem a dor do povo. É o momento de pensar em nossas famílias. Só pedimos respeito ao nosso povo”.

Por seu turno, o ministro da Defesa, Diego Molero Bellavia, declarou total apoio ao governo venezuelano. “As Forças Armadas Bolivarianas garantirão o cumprimento da Constituição. Chávez pediu unidade e podem contar que as Forças Armadas estão com o povo. Todos nós temos o dever de fazer cumprir esta missão. Aconteça o que acontecer, seguiremos tendo pátria”, disse. 

Em um ambiente de forte emoção, Maduro encerrou o comunicado com uma canção do venezuelano Alí Primera que diz “os que morrem pela vida não podem chamar-se mortos. A partir deste momento é proibido chorar. Nos levantemos com o canto de Alí!”

Há 60 anos, morreu Stálin, líder da União Soviética

Há exatos 60 anos, no dia 5 de março de 1953 morreu em Moscou o dirigente da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e do Partido Comunista da União Soviética. O país e os comunistas de todo o mundo sentiram então o profundo golpe. Desaparecia aquele que durante três décadas comandou a construção do socialismo no país em meio a graves contradições e conflitos.


Jossif Vissarionóvitch Djugashvili, o Stálin (Homem de Aço) nasceu em 21 de dezembro de 1879 em Gori, província de Tblissi, Geórgia, região da Transcaucásia. Era filho de um sapateiro e uma camponesa.

Como seminarista em Tblissi, Stálin conheceu a literatura marxista e filiou-se ao Partido Operário Social Democrata da Rússia no ano de sua fundação, em 1898.

A partir de então dedicou-se à atividade revolucionária, editando publicações clandestinas, redigindo textos e artigos e fazendo a propaganda do marxismo entre os operários.

Participou ativamente da luta operária a partir de 1905. No ano de 1912, na Conferência de Praga (antiga Tchecoslováquia), os bolcheviques decidem organizar-se em partido independente, afastando completamente os mencheviques e adotando o nome Partido Operário Social Democrata Russo (bolchevique).

Na época, Stálin estava na prisão, de onde fugiu pouco depois, participando com Lênin da criação do jornal Pravda (A Verdade). Indicado para dirigir o grupo bolchevique na Duma (parlamento russo), foi detido mais uma vez e enviado para a Sibéria, de onde só sairia com a revolução democrática de fevereiro de 1917, que pôs fim ao regime monárquico czarista.

A jornada de luta dos operários, que acontecia desde o início do ano de 1917, se amplia e obtém a adesão de um grande número de soldados sublevados em razão das precárias condições criadas pela Primeira Guerra Mundial.

Durante o período anterior à Revolução de Outubro, Stálin participou dos preparativos para a insurreição e integrou o grupo que conduziu o Comitê Militar Revolucionário. O levante começou no dia 23 de outubro (6 de novembro no calendário usado atualmente), à noite. No dia seguinte, rapidamente, as tropas revolucionárias tomaram os principais pontos de Petrogrado e o Palácio de Inverno, onde se tinha refugiado o governo provisório.

Quando o 2º Congresso dos Sovietes se instalou naquele mesmo dia, proclamou: “… apoiando-se na vontade da imensa maioria dos operários, soldados e camponeses e na insurreição triunfante levada a cabo pelos operários e a guarnição de Petrogrado, o Congresso toma em suas mãos o poder”. 

Após a revolução, Stálin atua na condução do Partido e dos negócios do Estado. Durante a guerra civil desencadeada pela burguesia, destacou-se como estrategista militar.

Em 1936, o 18º Congresso dos Sovietes aprova uma nova Constituição da URSS, a Constituição do socialismo, garantindo não apenas liberdades formais como as constituições burguesas, mas amplíssimos direitos e liberdades aos trabalhadores, material e economicamente, assegurados por todo o sistema da economia socialista que não conhece as crises, a anarquia nem o desemprego.

Enquanto os soviéticos comemoravam êxitos, os países capitalistas viviam profunda crise e Hitler já ocupava as nações vizinhas da Alemanha. Em relação à política externa, o Soviete Supremo orienta o país a continuar aplicando a política de paz e de fortalecimento das relações com todos os países, não permitindo que a URSS fosse arrastada a conflitos por provocadores, política amplamente defendida por Stálin na época.

Em 1941, após campanhas militares vitoriosas na Europa Ocidental e Central, a Alemanha de Hitler invade o território da URSS. A guerra contra a União Soviética durará cerca de 4 anos e meio e trará danos terríveis para o país. Mesmo assim, liderado por Stálin, o Exército Vermelho e o povo soviético rechaçam heroicamente a agressão nazista. Os invasores foram expulsos no fim de 1944 e completamente derrotados em maio de 1945. Uma epopeia que salvou não somente a URSS, mas toda a humanidade.

Stálin dedicou-se também ao trabalho teórico e ideológico, sistematizando e difundindo os princípios do marxismo-leninismo. 

Sob sua direção, o socialismo se estabeleceu e a URSS conquistou imensos êxitos. Também cometeu graves erros, que estão entre os fatores que levaram à degenerescência do socialismo e à sua posterior derrota.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Primeiro médico indígena formado trabalhará para seu povo

A 85ª turma de Medicina da UnB marcou um feito inédito: entre os novos médicos estava o primeiro a ser formado pelo vestibular indígena. Josinaldo da Silva, representante da tribo Atikum, no sertão pernambucano, é o símbolo de um projeto de diversidade promovido pela UnB nos últimos dez anos. Engajado com a causa de seu povo, Josinaldo pretende usar o conhecimento adquirido na UnB no programa Saúde da Família, que leva saúde diretamente às comunidades.


No depoimento concedido à UnB Agência, ele conta que sonhava em ser médico desde que começou a trabalhar como agente de saúde, aos 22 anos, mas a falta de opções em sua região fez com que ele estudasse Matemática. Foi a criação do vestibular específico para indígenas na UnB que possibilitou a realização de um sonho. “As informações são mais difíceis na aldeia. Um grupo de colegas veio à capital em 2005 e descobriu as cotas”, conta. Me interessei de imediato. Com o curso de Medicina, poderia contribuir mais com a minha aldeia”. Leia abaixo trechos do depoimento de Josinaldo.

Chegada a Brasília

Confesso que quando passei, não acreditei. A ficha demorou um pouco a cair. Foi no início de 2006. Vim com uma colega e aqui me reuni com um grupo de indígenas de outros cursos. Éramos 13 cotistas ao todo: além da Medicina, havia estudantes de Enfermagem, Nutrição, Biologia e Farmácia. Foi muito difícil no início. Precisamos pagar um aluguel caro, não tínhamos referências, conhecidos, ninguém que se dispusesse a ser fiador. Além disso, tínhamos uma bolsa de R$ 900. Todo mundo sabe que isso é pouco para a cidade. Nossa salvação foi a Dona Socorro, que nos acolheu na 706 Norte e agiu como um anjo. Era paciente e compreensiva, nos apoiava quando a bolsa atrasava e sempre negociava os pagamentos.

A adaptação na cidade

Eu preciso ser sincero. Estou aqui desde 2006, mas nunca me adaptei. Acho que nunca vou me adaptar. Brasília é agradável, tem um ambiente gostoso, é uma cidade tranquila, mas é muito fechada. Eu estranho ainda viver num apartamento. A gente que é do mato sempre sente falta da natureza. É o nosso mundo, sabe.

Primeiras impressões da UnB

Foi outro momento difícil, pois tudo é estranho. A gente não conhece ninguém, não tem amigos. Acaba que passei, como outros colegas indígenas, muitos momentos de isolamento. E existe o preconceito, que ninguém admite, mas acontece. Quando era apresentado, a reação era sempre a mesma: “Você é índio, que legal, como é a vida lá na aldeia?”. Mas na hora dos trabalhos de grupo, nas conversas do intervalo, ficava sempre de lado ou por último.

O preconceito

Eu mesmo nunca ouvi, mas alguns colegas me relataram casos de professores que reclamavam por dar aulas para índios. Alguns colegas reagiram escondendo que eram cotistas. Com o perdão da expressão, acho isso uma sacanagem. Tem que enfrentar o preconceito, senão não supera a barreira. Temos de firmar o compromisso com nosso povo. E se começa uma conversa estranha, atravessada, eu corto na hora. Não permito prosperar.

Apoio de colegas e professores

É verdade que eu fiz poucos amigos. Mas esses são verdadeiros. Eles me ajudaram a transpor várias barreiras, me apoiaram no início, ajudaram nos estudos durante os primeiros semestres, quando precisei me adaptar ao ritmo da Universidade, a compreender bem toda a teoria que a medicina tem. O conhecimento nas aldeias é muito prático. A gente sabe que a coisa funciona, mas não sabe como. Na UnB é diferente, precisei estudar muito e o apoio dos colegas foi fundamental.

Alguns professores também são inesquecíveis. A Yolanda Galindo Pacheco e a Jussara Rocha Ferreira, da Anatomia, além de excelentes mestras, vestiam a camisa do grupo, defendiam as cotas e os cotistas. Elas apoiaram muito a nossa causa. Punham a mão no fogo pela gente. O professor Carlos Eduardo Tosta também foi importante, ele tinha uma sensibilidade, que eu chamaria de espiritual, e muito respeito pela tradições indígenas.

O futuro imediato

Agora estou lutando pela Residência. Não é fácil, mas tenho fé que tudo dará certo. Estou disputando uma vaga lá no Hospital de Planaltina. Quero seguir o caminho da Saúde da Família, é o que mais pode contribuir com a minha comunidade.

Meu objetivo é voltar pra aldeia tão logo termine a formação. É um acordo que faz parte do convênio da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), mas é mais do que isso, é um compromisso meu com o meu povo, com os Atikum, minha origem e minha razão de estudar. O índio é o que pode cuidar melhor da saúde do índio, compreende os costumes, conhece a tradição. Um índio tem todas as condições de cuidar de uma tribo, reunindo o saber da universidade com o saber tradicional. É esse o meu objetivo.

Fonte: Assessoria da UnB

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Guerrilha do Araguaia: identificada a ossada de Preto Chaves

Quatro décadas depois da Guerrilha do Araguaia, a comissão que tenta localizar e identificar os corpos dos insurgentes do PCdoB reconhece os restos do guerrilheiro mais misterioso do conflito: o ex-marinheiro Francisco Manoel Chaves. Ele viveu quase toda a vida adulta na clandestinidade e morreu, aos 66 anos, emboscado na selva num combate com militares, em 1972.

Ilustração: Isto É
Além disso, quase nada mais se sabia sobre ele, nem sequer seu local de nascimento. Supunha-se que tivesse nascido no Rio de Janeiro, mas recentemente foi confirmado que ele era mineiro. Conhecido por Preto Chaves, mas também chamado de Zé Francisco ou Velho Chico, Francisco Chaves era um dos 163 desaparecidos políticos cuja história ainda está em aberto, segundo estimativas da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH) da Presidência da República.

As circunstâncias de sua morte e sua trajetória de vida, no entanto, têm tudo para ser elucidadas a partir de agora. Depois de fazer uma série de escavações na região do conflito, especificamente no velho Cemitério de São Geraldo, peritos do Grupo de Trabalho Araguaia (GTA) descobriram três ossadas. Uma delas, que os peritos acreditam ser de um negro, foi identificada como sendo do guerrilheiro Preto Chaves. Como a investigação corre em segredo de Justiça, integrantes da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos do governo preferem não anunciar a descoberta oficialmente antes da conclusão do processo. Mas Diva Santana, representante da comissão, admite: “De fato, um dos restos mortais tem muita chance de ser do guerrilheiro Chaves”, disse Diva.

A ossada atribuída a Chaves está em Brasília sob os cuidados do governo federal para análise antropométrica. Não existe até agora nenhum indício de que o militante comunista tenha deixado parentes para reconhecê-lo a partir de exames de DNA, o que poderia facilitar o trabalho. “Precisamos ainda fazer outras análises técnicas do caso, pois não sabemos se ele teve filhos, mulher ou qualquer outro parente”, diz Sávio Andrade, representante do Ministério da Defesa no GTA.

Agildo Nogueira Júnior, pesquisador do Instituto Maurício Grabois, ligado ao PCdoB, é o único estudioso que tem ajudado o GTA com informações sobre a vida de Preto Chaves. Há alguns anos, ele levanta informações sobre o guerrilheiro para a produção de um livro. “Interessei-me pelo caso, já que quase ninguém falava sobre ele. Essa cantilena de que os militares não possuem mais informações tem atrapalhado a pesquisa”, diz Júnior. 

Agora, com a descoberta da ossada, a apuração do pesquisador pode contribuir para o reconhecimento definitivo do corpo. Ele mostra, por exemplo, uma entrevista publicada no “Jornal Opinião”, de Goiás, na década de 1990, na qual o sargento do Exército identificado como J. Pereira, que combateu no Araguaia, admite que seu grupo matou três guerrilheiros.

“Foi tiro pra lá, tiro pra cá. No final, três guerrilheiros estavam mortos”, disse J. Pereira, que ainda está vivo. O sargento fez outras revelações importantes. Ele conta que deixou os corpos dos guerrilheiros no mesmo local em que os restos mortais foram encontrados agora pelo GTA. O sargento revelou também que Preto Chaves carregava no peito um cordão de terecô, um patuá da religião afro cujo “terreiro” era frequentado pelo ex-marinheiro. “Tínhamos informações de que o guerrilheiro negro era considerado feiticeiro”, disse J. Pereira, que se referiu ainda a “uns cordões amarrados” usados pelo guerrilheiro.

Zezinho (à direita) combateu na selva ao lado de Preto Chaves no Araguaia.
Ele contou que o ex-guerrilheiro frequentava terreiros de umbanda
A revelação do sargento sobre os cordões de terecô no peito de Chaves coincide com a informação prestada pelo militante Micheas Gomes de Almeida ou “Zezinho do Araguaia” ao pesquisador do Instituto Maurício Grabois. Zezinho, que conheceu e combateu na selva ao lado de Chaves, contou em 2007 que ele frequentava as sessões de umbanda na região do conflito e que carregava o patuá no peito. Zezinho confirmou a participação de guerrilheiros em cultos de religiões afro. “O Chaves participava dos terreiros.

Não podíamos destoar do dia a dia dos moradores locais. O João Amazonas (principal líder do PCdoB), por exemplo, puxava um terço danado”, revela Zezinho. De acordo com fontes do GTA, essas informações são preciosas para o reconhecimento oficial do corpo de Preto Chaves. “É muito pouco provável que um guerrilheiro negro, o que era raro, fosse enterrado, naquele mesmo local, com os cordões de terecô sem ser o Chaves”, afirmou um dos integrantes do GTA.

Antes do Araguaia, há algumas informações mais precisas sobre Chaves. Em 1935, ele participou do levante comunista contra o governo de Getúlio Vargas. Preso e torturado, foi trancafiado por meses no presídio da Ilha Grande ao lado de Graciliano Ramos. O escritor faz referência ao marinheiro em seu livro “Memórias do Cárcere”. Na década de 1960, Chaves filiou-se ao PCdoB. A partir daí, sua trajetória é obscura.


O episódio envolvendo Preto Chaves ilustra bem como os órgãos de segurança ainda tratam as informações sobre os ex-militantes comunistas e reforçam as críticas de que os militares têm sido pouco colaborativos. Até outubro do ano passado, a Marinha se recusava a tornar público o prontuário do ex-funcionário e ninguém do GTA tinha nenhuma informação sobre o guerrilheiro. Nem mesmo sua ficha de entrada na Marinha existia (ele entrou para a corporação militar em 1º de julho de 1928). 

Depois de intensas negociações, apareceu uma tímida folha da Polícia Civil do Distrito Federal que trazia algumas informações sobre Chaves. “É inconcebível que não exista nenhuma informação sobre a história de um ex-militar que serviu durante 33 anos, foi expulso e chegou a receber pensão. A Marinha tem a obrigação de abrir seus arquivos”, defende Júnior.

Fonte: Revista Isto É

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Bob Marley completaria 68 anos hoje

A data de hoje marca o nascimento de um dos compositores que dedicaram sua obra para representar os problemas sociais em versos. Este é Bob Marley, o responsável pela popularização da música reggae, da filosofia rastafári e também por defender a igualdade racial em suas canções.

Em 06 de fevereiro de 1945 em um Nine Mile, na Jamaica, nascia Bob Marley. Mulato, filho de um militar britânico branco e uma negra jamaicana, Marley foi por muitas vezes rechaçado por seus vizinhos negros, que o chamavam de mulato e zombavam também pela baixa estatura dele (1,63). As diferenças já sentidas em própria pele deram a Marley inspiração para lutar contra as desigualdades sociais, levando mensagens de paz, irmandade, igualdade, humanidade para todos os povos.

“Enquanto a cor da pele for mais importante que os brilhos dos olhos haverá guerrra, enquanto imperar a filosofia de que há uma raça inferior e outra superior, o mundo estará permanentemente em guerra. É uma profecia, mas todo mundo sabe que isto é verdade.”

A vida de Marley não foi muito longa, em 1981 ele faleceu, em Miami, vítima de câncer. Contudo a morte não impediu que sua missão fosse interrompida. Ao longo destes anos, cada vez mais suas mensagens foram expandidas pelo mundo, e suas canções continuam a ser referência na voz dos oprimidos, dos que esperam e lutam pela igualdade entre os povos.

Além disso, Marley continuou a granjear sucesso, sendo homenageado com prêmios como a canção da BBC do milênio para “One Love“, e foi incluso na Calçada da Fama, em 1994. Em 1999, a revista Time Magazine elegeu o disco Marley & The Wailers “Exodus” como o melhor álbum do século 20.

Na data de hoje, os fãs de Marley prestam homenagens ao cantor nas redes sociais. Milhares de mensagens já foram publicadas na página oficial de Marley, a tag #CelebrateBobMarley tem sido usada pelos internautas para expressarem suas honras ao cantor. Na página há ainda inúmeras fotos e vídeos, que também podem ser conferidos no site oficial, que traz ainda a trajetória do cantor.

Fonte: UJS

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Oposição critica vermelho de Dilma e vira piada nas redes sociais

Na falta de uma “crise no setor elétrico”, a oposição brasileira decidiu enveredar por uma nova vertente: a crítica de moda. Os estilistas do PSDB gastaram horas para decidir se era ou não vermelho o terno que a presidenta Dilma Rousseff usou durante o pronunciamento em cadeia de rádio e televisão no qual anunciou o corte nas tarifas de luz.

 Foto: Jefferson Bernardes/AFP
Por Cynara Menezes, para a CartaCapital*

Até o meio da semana, os tucanos tinham certeza de que Dilma usara vermelho. Em consequência, protocolaram uma representação na Procuradoria-Geral da República sob o argumento de que o objetivo subliminar seria promover o partido da mandatária do país, o PT. “A presidenta Dilma usou roupas vermelhas no pronunciamento oficial em uma clara referência às roupas vermelhas utilizadas na campanha de 2010 e nos programas partidários, fazendo alusão à cor do seu partido”, acusa o documento.

Já seria risível, mas ficou pior. A roupa não era vermelha, mas cor-de-rosa. “Inclusive combinava perfeitamente com o batom, da mesma cor”, disse uma fonte do Palácio, tão interessada nas últimas tendências do mundo fashion quanto o tucanato. O cabeleireiro da presidenta, Celso Kamura, foi taxativo. “Sem dúvida, rosa chiclete Ping-Pong.” Um conhecedor profundo de paletas de cores talvez batesse o martelo sobre a nuance exata do terninho: goiaba. Uma cor em voga neste verão. Dilma, pelo visto, está por dentro.

Coube ao novo líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio, a incômoda tarefa de ir à Procuradoria, na terça-feira (29), entregar a representação contra as roupas de Dilma. “Entendemos ser vermelho, mas é um detalhe pequeno que faz parte de um contexto. Ela pode usar a cor que bem entender, só quisemos mostrar a mudança no comportamento dela. É a primeira vez que aparece nessa cor, porque em pronunciamentos anteriores, como no último, ela vestiu preto com uma renda branca por cima”, disse o deputado, aparentemente um conhecedor do guarda-roupa presidencial.

Tipologia vermelha

Além do terno de Dilma, o PSDB protestou contra as letras utilizadas no programa, “parecido”, segundo o partido, com a tipologia usada na campanha presidencial de 2010. A oposição cita em particular a “grafia do sobrenome” Rousseff. E contra o que viu como abuso na utilização da rede nacional de rádio e tevê. “A convocação de redes obrigatórias de rádio e de televisão somente pode ser realizada quando necessária para preservação da ordem pública, da segurança nacional ou no interesse da Administração”, diz a representação, amparada no Regulamento dos Serviços de Radiodifusão.

Para Sampaio, houve “mudança de padrão” no pronunciamento em relação às falas anteriores. “A presidenta Dilma fez clara antecipação da campanha eleitoral. Agiu de maneira a condenar a existência da oposição e tratou a oposição como sendo pessoas que não amam o país”, queixou-se o deputado. “O conceito de República foi abandonado”, bradou o presidente do PSDB, Sérgio Guerra.

Não bastasse o daltonismo, a amnésia dos tucanos é flagrante: o apelo ao “republicanismo” é discurso fácil, mas em junho de 2002, em pleno ano eleitoral, o então presidente Fernando Henrique Cardoso convocou rede nacional para anunciar o pagamento da reposição das perdas que os trabalhadores brasileiros tiveram no FGTS em razão dos planos Verão e Collor, o que beneficiou 35 milhões de cidadãos.

“Assim como o Real, a Lei de Responsabilidade Fiscal, os avanços na saúde e na educação, a reposição do Fundo de Garantia é mais uma realização que outros governos não conseguiram e este governo conseguiu”, vangloriou-se FHC, a cinco meses da eleição presidencial, aquela que levou Lula à Presidência.

Exemplo de republicanismo

Exaltar as virtudes do Plano Real era frequente nos pronunciamentos de FHC em cadeia nacional durante seu governo. “Nós cuidamos primeiro do real, para que agora o real possa cuidar das pessoas”, afirmou, em 1997. Por causa desse pronunciamento, a oposição, representada pelo PT, PDT, PSB e PCdoB, recorreu à época ao Tribunal Superior Eleitoral. A alegação era idêntica: finalidade “eleitoreira”. A diferença, como de costume, está no posicionamento da mídia. À época de FHC, ninguém via desvios ou intenções ocultas em seu comportamento. Já hoje… A representação do PSDB ancora-se em editoriais e textos da Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo e Veja com críticas ao pronunciamento “eleitoreiro” e “partidário” de Dilma Rousseff.

Os tucanos, ecoados pela mídia e vice-versa, criticaram o fato de Dilma se “vangloriar” da redução na conta de luz e, ao mesmo tempo, “atacar” os que fizeram previsões sem fundamento. Vale ainda a comparação: em seu primeiro pronunciamento em cadeia de rádio e tevê, em 1995, FHC fez o quê? Vangloriou-se do sucesso do Plano Real e atacou os “pessimistas”. “Muitos apostaram que o real iria desmoronar”, disse FHC. “Pois se enganaram.”

Chacota

A queixa à Justiça parece uma tentativa de minimizar os efeitos (esses ainda não mensuráveis) do corte nas tarifas de energia sobre a escassa simpatia popular ao partido. Antecipada pelo governo para 24 de janeiro e fixada em 18% no caso das residências e 32%, no da indústria e comércio, o corte nas tarifas foi uma boa notícia da qual o PSDB não só não participou como tentou sabotar. Três estados governados pelo partido – Paraná, Minas Gerais e São Paulo – decidiram não aderir à Medida Provisória que reviu os contratos das concessionárias, mesmo sob as críticas dos industriais, os maiores beneficiados. Mas a redução na conta de luz também ocorrerá nessas áreas.


No Palácio do Planalto, a notícia de que os tucanos tinham entrado com a representação virou motivo de comemoração. A avaliação geral era de que a oposição vestiu a carapuça ao se identificar como alvo das críticas veladas da presidenta, que em nenhum momento citou nomes ou legendas. E deu a chance de o PT criticar diretamente o principal rival em seu programa eleitoral na televisão, em maio. Uma possibilidade é apresentar o PSDB como o partido “a favor da conta de luz cara”.

Nas redes sociais, a chacota era mesmo sobre a tentativa de “proibir” Dilma de usar vermelho. A cada aparição de uma celebridade em cores rubras, como a primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, no baile da posse, estonteante num longo vermelho, ou a bem menos vistosa chanceler alemã Angela Merkel (fotos acima), repetia-se a piada: “O PSDB vai proibir também?”


*Intertítulos do Portal Vermelho

Foto Michelle Obama por Maria Tama/ Getty Images/ AFP 
Foto de Angela Merkel por Bertrand Langlois/ AFP

Fonte: CartaCapital

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

A UNE e a comunicação



Por Rafaella Dotta, no jornal Brasil de Fato:

De 18 a 21 de janeiro de 2013, foi realizado o 14º Conselho de Entidades de Base da UNE, em Recife. Os debates foram tão quentes quanto o clima e desencadearam promessas de parcerias entre a entidade estudantil e os movimentos sociais.

Com nomes de peso e uma sala lotada, a democratização da comunicação esteve presente entre os principais temas de debate da conjuntura. Os convidados que compuseram a mesa foram Nelson Breve (presidente da Empresa Brasileira de Comunicação – EBC), Altamiro Borges (presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa do Instituto Barão de Itararé) e Laurindo Leal Filho (professor da Escola de Comunicações e Artes da USP).

A comunicação foi ressaltada por seu potencial de contribuição à democracia. À medida que consegue investir poder e voz a grupos historicamente oprimidos, cria-se um campo de representações mais igualitário, baseado na força social do grupo e não no seu poder econômico. Esta concepção será necessária ao reformular as leis de comunicação, pois incide na relação entre mídia e público definindo quais serão as informações prioritariamente divulgadas.

Na América Latina, alguns países estão atualizando a sua legislação. É o caso de Bolívia, Argentina, Venezuela, Equador e México, onde está se dando atenção especial para o quesito convergência de mídias. Os chamados conglomerados de comunicação estão reunindo um número cada vez maior de veículos e criando interfaces entre eles, como no caso de um canal de TV que tem seus vídeos disponibilizados na internet. Os limites entre as mídias ficam, assim, quase impossíveis de serem definidos.

O professor Laurindo Leal pergunta à platéia: “Como fazer uma regulamentação considerando apenas a TV e o rádio?”. A telefonia, por exemplo, ocupa hoje um lugar relevante como fornecedora de informação, mas a sua regulamentação é da época em que celulares só faziam ligações. Em um chamado à atualização da Constituição brasileira, no debate defendeu-se que a comunicação seja tratada de forma conjugada. Ou melhor, de forma convergente.

Com apontamentos e demonstrações de avanço por parte de alguns governos latino americanos, olhamos para o Brasil. As análises apontaram um retrocesso em relação ao governo Lula. Segundo os debatedores, a única ação positiva, desde a Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), foi a reativação do Conselho de Comunicação Social. E, para o ano de 2013, o comprometimento do governo em realizar uma consulta pública sobre o tema.

Apostando na dobradinha luta social mais pressão institucional, a UNE convocou a sua Jornada de Lutas para março de 2013 e, através da fala de líderes estudantis de quase todas as forças políticas que compõem a entidade, convidou os movimentos sociais à participação. De acordo com o presidente da UNE, Daniel Iliescu, os temas da Jornada são “conquistar mais direitos e avanços para o Brasil, como os 10% do PIB para a educação, o fim da violência contra a juventude negra, melhores condições de trabalho no campo e na cidade, e claro, mais democracia na mídia e na política’’.

O movimento por democratização da comunicação há muito chama a atenção das demais organizações civis para que se engajem nessa bandeira. E ultimamente, parece que a necessidade apareceu. É importante continuarmos colocando peso em nossos próprios veículos, mas a democratização dos meios de comunicação de massa significa não deixar que uma minoria, através do serviço de desinformação que prestam, siga colocando a população contra qualquer indício de um desenvolvimento mais igualitário.


quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

UNE e UBES pressionam e Recife é a primeira cidade a assinar projeto que destina 100% dos royalties para a educação

Manuela Braga (UBES), Daniel Iliescu (UNE) e Geraldo Julio assinando projeto

Durante abertura da Bienal, governado de Pernambuco, Eduardo Campos, assina carta dos estudantes e também se compromete à destinação dos royalties para educação de todo estado.

A pressão que começou há dois anos fundamentou na manhã dessa segunda-feira (28/01) o ato de assinatura do projeto de lei do Executivo recifense que destina à educação 100% dos recursos provenientes da exploração do petróleo destinados ao Recife. Com a presença da presidenta da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Manuela Braga, e de Daniel Iliescu, da União Nacional dos Estudantes (UNE), o prefeito Geraldo Julio assinou projeto de lei municipal enviado à Câmara dos Vereadores.

O Recife é a primeira capital brasileira a assumir o compromisso que pode vir a render investimentos de até R$ 30 milhões a mais, anualmente, na educação da cidade. Ainda de acordo com o prefeito, os recursos serão investidos maciçamente na melhoria da infraestrutura das escolas, na compra de equipamentos e na modernização da rede. Manuela Braga enalteceu o pioneirismo: “Atitudes como essa significam uma nova perspectiva para a juventude brasileira. Quero parabenizar o prefeito por assinar um projeto de lei que coloca a educação na ordem do dia”, elogiou a dirigente estudantil.

O presidente da UNE reforçou que o projeto de lei demonstra abertura ao diálogo com os estudantes e disse esperar que a iniciativa seja replicada pelo Brasil. “Esse gesto do prefeito Geraldo Julio é muito simbólico para nós, um gesto extremamente democrático. Percebemos aqui a importância que tem a opinião que emana das escolas”, acrescentou Daniel Iliescu.

Em abertura da Bienal, governador de Pernambuco assina carta dos estudantes e também se compromete com destinação dos royalties

Depois de ter o estado nordestino ocupado por estudantes de todo o Brasil que participaram do 2° Encontro Nacional de Grêmios da UBES e do 14° Coneb da UNE, a abertura da Bienal também tratou de levar a pauta para o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que na última terça-feira (22), na Praça do Carmo em Olinda, onde aconteceu o evento, assinou carta oficial das entidades se posicionando em defesa da destinação de 100% dos lucros dos royalties do petróleo do estado para educação.

Aclamado pelos estudantes, o governador encaminhou projeto de lei à Assembleia Legislativa esta semana, e espera que o projeto incentive a aprovação pelo Congresso Nacional do projeto de lei nacional. “A medida que um toma uma atitude, fica mais fácil outro tomar e a gente vai construindo aquilo que era sonho em algo concreto. Os estudantes vão seguir pra os estados dizendo que aqui já é lei a bandeira que defendem”.

“Para nós do movimento estudantil secundarista, essa conquista marca o aniversário de 65 de história da UBES com uma grande vitória para os estudante de Pernambuco e um grande exemplo para ser seguido por governadores de todo o Brasil”, disse a presidente da UBES, nascida criada no estado. Embora a divisão igualitária dos royalties ainda esteja em discussão no Congresso, a expectativa do movimento estudantil é de que os governador abracem a causa em prol da qualidade do ensino em todo país.

Fonte: UBES

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Lutar pelo Protagonismo é Lutar pela Hegemonia


Por Nilson Vellazquez*


Protagonismo. Não há ninguém que participe, minimamente, do ambiente político que não entenda o real significado dessa palavra. Ser protagonista de um projeto político é tarefa árdua, principalmente para os jovens socialistas. Lutar pela hegemonia política necessária para implementar as transformações de que o nosso país precisa passa por uma série de fatores que exigem uma dedicação, disciplina e formulação muitas vezes cansativas, mas instigantes. Ser protagonista no campo das ideias, na disputa democrática e entre os movimentos sociais é uma conquista, um objetivo permanente e, não raramente, exercitado pelos estudantes brasileiros.

A UNE, dirigida pelos socialistas, para conquistar o protagonismo, sempre esteve na vanguarda daquilo que é estratégico para a construção de um Brasil cada vez mais forte e soberano. Os estudantes brasileiros sempre se negaram às posturas corporativistas e estreitas; muito pelo contrário, o interesse dos estudantes é interesse da nação. Não obstante, a UNE protagonizou, por exemplo, a criação da Petrobrás, exigiu, formulou e mobilizou para que o petróleo fosse nosso. Hoje, o Brasil está entre um dos maiores produtores de petróleo do mundo e, com a produção do pré-sal e outras políticas de crescimento econômico, alavancado a 6ª maior economia do mundo. Vitória dos estudantes. Através da UNE e da UBES protagonizamos a resistência à repressão do Regime Militar, derramando sangue e tendo muitos de nossos companheiros assassinados; protagonizamos a derrubada de um presidente corrupto, lutamos contra o neo-liberalismo e protagonizamos a construção de um país diferente do que outrora tivemos – complexo, mas de imensas possibilidades - . O símbolo da UNE é o Brasil!

Para Gramsci e Lênin, a sociedade é um todo orgânico e unitário que se explica a partir da base econômica, mas que não pode ser reduzida inteiramente a ela, pois para tal redução implicaria a negação da ação política e da própria hegemonia. Lênin já afirmava que cabe aos comunistas intervir em todos os momentos da vida social e política e movimentar-se em todas as camadas da população. Ou seja: forte como uma rocha nas ideias e fluido como água na penetração. É por isso que atuamos entre jovens cientistas, negros, mulheres, LGBT’s etc. Bandeiras que, entre os socialistas, são partes de um objetivo muito maior.

E antes que sejamos questionados pelos saudosistas, é gratificantes sentir o protagonismo sendo exercitado, ainda hoje, num ambiente político muito mais favorável. A UNE, junto com a UBES e ANPG, tem protagonizado lutas que farão diferenças profundas no Brasil, a curto, médio e longo prazo na dura caminhada por esse país soberano. O ano de 2012 foi um ano de intensa mobilização por recursos condizentes com o desafio que é radicalizar na melhoria da educação. Capitaneado pelos estudantes, hoje, todo o país conhece e concorda com a bandeira por 10% do PIB para a educação; hoje, o país reconhece a liderança da UNE a importância de termos os royalties do petróleo para a educação. Por uma Universidade para todos e de qualidade, por escolas públicas equipadas e bem preparadas, por salário digno aos professores, por currículos que atendam às reais necessidades do povo brasileiro.

Organizar um Conselho Nacional de Entidades de Base, um Encontro Nacional de Grêmios e uma Bienal no nosso estado faz parte desse árduo trabalho de luta pelo protagonismo e, em consequência, pela hegemonia. Serão milhares de grêmios estudantis, diretórios acadêmicos e estudantes de todo o país discutindo transformações que atingirão a totalidade de nossa população. Debatendo e afirmando que a Universidade precisa de uma Reforma que garanta qualidade, acesso e permanência para todos os estudantes. Além disso, nosso exército estará armado em várias outras trincheiras, debatendo cultura, ciências, esportes. Olinda e Recife, que hoje vivem momentos de otimismo e grandes expectativas, terão grande oportunidade de serem sedes de um momento histórico, mais uma vez protagonizado por nós, jovens socialistas.


* Nilson Vellazquez é professor de Português da rede municipal de Igarassu, Presidente da UJS no Recife e Secretário de Formação da UJS em Pernambuco.

Museu em Olinda reabre com parte do acervo renovado

MAC abriga exposições inéditas de pintura, gravura e fotografia. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press.
MAC abriga exposições inéditas de pintura, gravura e fotografia. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press.


Com parte do acervo renovado, o Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco (MAC-PE) reabre as portas nesta quinta-feira com novas exposições, após recesso de fim de ano. Os visitantes poderão ver uma retrospectiva da pintura de Mariza Lacerda, na Sala de Convidados Especiais, e ainda uma mostra de fotografias, Instantâneas da África, do italiano Diego di Niglio. São 50 fotografias em preto e branco e coloridas, fruto de viagens entre 2002 e 2007, em diferentes países africanos: Moçambique, Malaui, Burkina Faso, Senegal, Níger, Chade, Camarões, Togo, Benin e Gâmbia. As imagens para a Exposição foram selecionadas pela curadora argentina Lia Miceli Lopez Lecube. Também serão servidos pratos da culinária africana e haverá apresentação do Maracatu Nação Leão Coroado, um dos grupos considerado Patrimônio Vivo de Pernambuco. 

Entre as peças do acervo que foram renovadas estão 70 gravuras da coleção de Luciano Pinheiro, criadas à época da Oficina Guaianases de Gravura e ainda inéditas para o público. "São trabalhos translumbrantes, estão numa sala especial", comenta Célia Labanca. que dirige o museu desde 2007.

No entanto, o espaço continua sem segurança eletrônica (instalação de câmeras vídeo para monitoramento), problema que veio à tona desde 2010 quando um quadro de Cândido Portinari foi roubado da instituição e depois devolvido. 

O museu, que é administrado pela Secretaria de Cultura (Secult-PE) e pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), não possui orçamento próprio e até hoje aguarda que o equipamento seja licitado. Enquanto isso, na porta do MAC se revezam doze seguranças, sendo três durante o dia e mais três à noite, em turnos de 24 por 24 horas. Mais oito funcionários fazem parte do setor administrativo, incluindo a própria diretora. O museu abre de terça-feira a domingo, das 9h às 17h.

O acervo do Museu de Arte Contemporânea, segundo a diretora do espaço, Célia Labanca, está entre os melhores da América Latina, com mais de quatro mil obras, entre elas telas de Telles Júnior, João Batista da Costa e Tarsila do Amaral, pertencentes à coleção de Assis Chateaubriand. Deste total, cerca de 300 obras são mostradas ao público. O MAC existe desde 1966.

SERVIÇO
Exposições Retrospectiva Da rara arte de uma pintora rara, de Mariza Lacerda e Individual de Fotografias Instantâneas da África, de Diego Di Niglio
Onde: Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco - Rua 13 de Maio, 157 - Varadouro, Olinda
Quando: Nesta quinta-feira (17 de janeiro), às 19h. Visitação, de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. Sábado, das 14h às 17h. Até 17 de março de 2013
Informações: (81) 3184-3153

Assistência estudantil, prioridade do 14º CONEB da UNE


Nos últimos anos, o número de estudantes no ensino superior público e privado aumentou de forma inédita no Brasil. No entanto, o avanço no acesso ao ensino superior ainda não permite a garantia de que todos os estudantes, principalmente os mais pobres ou das regiões mais distantes, tenham plenas condições de chegar ao final de seus cursos, participar da vida acadêmica e de praticar pesquisa e extensão. 

Nesse sentido, o debate sobre Assistência Estudantil é um dos principais temas presentes na UNE e nos movimentos de juventude. Tratado como prioridade, o 14º Conselho Nacional de Entidades de Base da UNE (CONEB) promove no próximo sábado (19), em Recife, uma mesa de debates reunindo especialistas no assunto.

Entre eles estão o professor da Universidade Federal do Recôncavo e coordenador do Fórum de Assuntos Comunitários e Estudantis Baiano, Ronaldo Crispim Sena Barros e a diretora da Diretoria de Desenvolvimento da Rede de Instituições Federais de Ensino Superior do Ministério da Educação (Difes do MEC), Adriana Rigon Weska.

Para conferir a programação completa do encontro, clique aqui.

Contra os cortes, por mais assistência

A demanda por políticas de permanência cresceu nas Instituições de Ensino Superior à medida em que o processo do acesso estudantil foi se democratizando. As dificuldades socioeconômicas, em especial a pressão para entrar no mercado de trabalho, são grandes exemplos que colaboram com a evasão escolar nas instituições de ensino.

Para manter esses estudantes em sala de aula, muito além das bolsas de auxílio, fazem-se necessários investimentos em diversos setores, como acompanhamento médico, odontológico e psicológico; acesso a atividades de esporte, cultura e lazer; cursos de línguas e inclusão digital; transporte e outras políticas.

Infelizmente, os cortes de quase 5 bilhões no orçamento da educação nos últimos dois anos jogam contra esse projeto de universidade que a UNE defende. Para superar essas dificuldades, é fundamental ampliar substancialmente o financiamento da educação e, além disto, discutir a que projeto de país deve servir a universidade.

“Para transformar a assistência estudantil em política permanente precisaremos de um financiamento de, no mínimo, 1,5 bi para o Plano Nacional de Assistência Estudantil. Atualmente, a verba que o governo destina para esse setor é de 500 milhões. No bojo das discussões do novo PNE, reafirmamos que este é momento de ampliação de direitos, com a destinação de 10% do PIB e 50% dos royalties e do Fundo Social do Pré-Sal para a educação”, pontua Daniel Iliescu, presidente da UNE.

Luta histórica

A Assistência Estudantil sempre foi uma pauta importante para a UNE, que se mobiliza já há muito tempo para garantir tais conquistas nas universidades brasileiras.

A luta, no entanto, já encontrou diversos desafios. O ano de 1997 é um bom exemplo. Na época, o MEC simplesmente suprimiu do orçamento da união a rubrica de verbas para o programa de Assistência Estudantil, considerando-o um ônus desnecessário ao funcionamento da universidade.

Desde então, as IFES utilizam recursos próprios oriundos de fontes diversas para manutenção dos programas. Ainda assim, tais iniciativas possuem grande eficácia no combate à evasão, na melhora do desempenho dos estudantes e impacto direto na equalização das condições de permanência dos estudantes mais carentes, que compõem parcela significativa do quadro discente das IFES.

Por isso, em um projeto de universidade que tenha como objetivo inserir estudantes oriundos de diferentes camadas sociais no ensino superior, democratizando de fato o acesso e rompendo com uma tradição elitista da universidade, o resgate da assistência estudantil cumpre um importante papel.

No ano de 2001 explodiu a greve nacional dos estudantes das universidades brasileiras, que tinha como pauta central o retorno da rubrica específica para assistência estudantil. Depois de muita luta, os recursos no orçamento para a assistência foram conquistados dentro da chamada emenda ANDIFES,

Em 2003, mais uma vitória: a UNE conseguiu a aprovação da emenda da Assistência Estudantil, através da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados.

A entidade compreende, no entanto, que é necessária uma política permanente para o programa e, por isso, ‘e fundamental a retomada de investimentos específicos nesta área, sem a dependência de emendas parlamentares ou outras medidas que não garantam permanentemente este recurso.