sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Estudantes protestam contra aumento das tarifas de ônibus

O Centro do Recife foi palco de duas manifestações de estudantes, nesta sexta-feira (20), contra o aumento das tarifas de ônibus. Os empresários pleiteavam 17,2% de reajuste, mas os estudantes avaliam que o atual valor das passagens já é alto para o bolso do usuário. Enquanto as manifestações ocorriam, uma reunião a portas fechadas com empresários e representantes do Governo do Estado decidiu pelo reajuste de 6,5%.


Ainda durante a manhã, os estudantes foram às ruas no centro do Recife para protestar contra o aumento. O protesto era pacífico e foi convocado pela redes sociais. André Justino, integrante da comissão de comunicação do Comitê Contra o Aumento da Passagem, disse, no início da manifestação, que o objetivo era dialogar com a população e tentar impedir o reajuste. "A gente acha absurdo o reajuste, tendo em vista que grande parte da população será prejudicada."

De acordo com o presidente da União dos Estudantes de Pernambuco (UEP), Thauan Fernandes, o movimento estudantil quer debater a questão da mobilidade urbana no Estado. "Pernambuco é o Estado que mais se desenvolve no país e esse desenvolvimento deve chegar para o povo. O aumento da passagem tira dinheiro da população. Há quatro anos as tarifas têm aumentado, sem que isso signifique melhoria da qualidade dos serviços prestados", disse Thauan ao Vermelho. 

Com gritos de "O povo não é bobo, aumento de passagem é roubo" e "Se a passagem aumentar, o Recife vai parar", a manifestação contou com participação de entidades estudantis, movimentos populares e sindicais, além da população que se juntou ao protesto no decorrer da caminhada, que seguiu tranquila até as proximidades da Avenida Dantas Barreto, quando o Batalhão de Choque se posicionou, tentando impedir a passagem. Até então, os policiais apenas acompanhavam o protesto. 

De acordo com o Portal NE10, desde cedo, o Batalhão de Choque tentava impedir que os estudantes se dirigissem ao Palácio do Campo das Princesas, sede do governo. Bombas de efeito moral foram usadas para conter o protesto, provocando correria nas ruas. Estudantes e pessoas que estavam no ponto de ônibus no local foram atingidas e passaram mal. 

Polícia usa de força desproporcional contra os estudantes
Reagrupados em frente à Faculdade de Direito do Recife, cerca de 200 estudantes votaram então por retomar a manifestação, já cientes de que governo e empresários haviam decidido o reajuste de 6,5%. O Batalhão de Choque voltou a lançar bombas de efeito moral e balas de borracha. Marchando em direção aos manifestantes, os policiais lançaram contra eles spray de pimenta.

Duas estudantes foram detidas à tarde. Uma delas terminou sendo liberada pelo tenente-coronel Marinaldo de Lima Silva, comandante do 13º Batalhão.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Henrique Mariano, e a promotora da Vara de Direitos Humanos, Yelena Monteiro, foram até o local para reunião com os estudantes. Eles receberam informação de que os manifestantes queriam fazer denúncia no Ministério Público de Pernambuco (MPPE) contra a atuação da polícia, mas estavam impedidos de sair.

A OAB considerou a atuação da polícia "desnecessária e violenta". De acordo com Henrique Mariano, os fatos ainda precisam ser apurados para que os eventuais excessos sejam responsabilidados.

"Nós fomos informados que desde a tarde de ontem alguns líderes de movimentos sociais e estudantis foram convocados para comparecer à delegacia no momento em que aconteceria o protesto, uma prática bastante utilizada durante a ditadura e que demonstra uma pré-disposição política de sufocar a mobilização, que é um direito do cidadão", afirmou o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Paulo César Maia.

Reajuste

Com o reajuste de 6,5%, o valor da tarifa A passou de R$ 2,00 para R$ 2,15. Já o valor do anel B subiu para R$ 3,30; o anel D, para R$ 2,60; e o anel G, para R$ 1,40. 

A votação de 17 dos 19 membros do Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM) contou com 13 votos a favor, 3 abstenções e um contra, em defesa do reajuste máximo.

Os estudantes reclamam que o Conselho não é paritário, sendo formado majoritariamente por integrantes do governo e das empresas de ônibus, cabendo ao usuário - que deveria ser a parte mais importante nas discussões - pouco poder de decisão. 

Da Redação (www.vermelho.org.br)
Com informações do NE10

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