quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

UNE e UBES pressionam e Recife é a primeira cidade a assinar projeto que destina 100% dos royalties para a educação

Manuela Braga (UBES), Daniel Iliescu (UNE) e Geraldo Julio assinando projeto

Durante abertura da Bienal, governado de Pernambuco, Eduardo Campos, assina carta dos estudantes e também se compromete à destinação dos royalties para educação de todo estado.

A pressão que começou há dois anos fundamentou na manhã dessa segunda-feira (28/01) o ato de assinatura do projeto de lei do Executivo recifense que destina à educação 100% dos recursos provenientes da exploração do petróleo destinados ao Recife. Com a presença da presidenta da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Manuela Braga, e de Daniel Iliescu, da União Nacional dos Estudantes (UNE), o prefeito Geraldo Julio assinou projeto de lei municipal enviado à Câmara dos Vereadores.

O Recife é a primeira capital brasileira a assumir o compromisso que pode vir a render investimentos de até R$ 30 milhões a mais, anualmente, na educação da cidade. Ainda de acordo com o prefeito, os recursos serão investidos maciçamente na melhoria da infraestrutura das escolas, na compra de equipamentos e na modernização da rede. Manuela Braga enalteceu o pioneirismo: “Atitudes como essa significam uma nova perspectiva para a juventude brasileira. Quero parabenizar o prefeito por assinar um projeto de lei que coloca a educação na ordem do dia”, elogiou a dirigente estudantil.

O presidente da UNE reforçou que o projeto de lei demonstra abertura ao diálogo com os estudantes e disse esperar que a iniciativa seja replicada pelo Brasil. “Esse gesto do prefeito Geraldo Julio é muito simbólico para nós, um gesto extremamente democrático. Percebemos aqui a importância que tem a opinião que emana das escolas”, acrescentou Daniel Iliescu.

Em abertura da Bienal, governador de Pernambuco assina carta dos estudantes e também se compromete com destinação dos royalties

Depois de ter o estado nordestino ocupado por estudantes de todo o Brasil que participaram do 2° Encontro Nacional de Grêmios da UBES e do 14° Coneb da UNE, a abertura da Bienal também tratou de levar a pauta para o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que na última terça-feira (22), na Praça do Carmo em Olinda, onde aconteceu o evento, assinou carta oficial das entidades se posicionando em defesa da destinação de 100% dos lucros dos royalties do petróleo do estado para educação.

Aclamado pelos estudantes, o governador encaminhou projeto de lei à Assembleia Legislativa esta semana, e espera que o projeto incentive a aprovação pelo Congresso Nacional do projeto de lei nacional. “A medida que um toma uma atitude, fica mais fácil outro tomar e a gente vai construindo aquilo que era sonho em algo concreto. Os estudantes vão seguir pra os estados dizendo que aqui já é lei a bandeira que defendem”.

“Para nós do movimento estudantil secundarista, essa conquista marca o aniversário de 65 de história da UBES com uma grande vitória para os estudante de Pernambuco e um grande exemplo para ser seguido por governadores de todo o Brasil”, disse a presidente da UBES, nascida criada no estado. Embora a divisão igualitária dos royalties ainda esteja em discussão no Congresso, a expectativa do movimento estudantil é de que os governador abracem a causa em prol da qualidade do ensino em todo país.

Fonte: UBES

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Lutar pelo Protagonismo é Lutar pela Hegemonia


Por Nilson Vellazquez*


Protagonismo. Não há ninguém que participe, minimamente, do ambiente político que não entenda o real significado dessa palavra. Ser protagonista de um projeto político é tarefa árdua, principalmente para os jovens socialistas. Lutar pela hegemonia política necessária para implementar as transformações de que o nosso país precisa passa por uma série de fatores que exigem uma dedicação, disciplina e formulação muitas vezes cansativas, mas instigantes. Ser protagonista no campo das ideias, na disputa democrática e entre os movimentos sociais é uma conquista, um objetivo permanente e, não raramente, exercitado pelos estudantes brasileiros.

A UNE, dirigida pelos socialistas, para conquistar o protagonismo, sempre esteve na vanguarda daquilo que é estratégico para a construção de um Brasil cada vez mais forte e soberano. Os estudantes brasileiros sempre se negaram às posturas corporativistas e estreitas; muito pelo contrário, o interesse dos estudantes é interesse da nação. Não obstante, a UNE protagonizou, por exemplo, a criação da Petrobrás, exigiu, formulou e mobilizou para que o petróleo fosse nosso. Hoje, o Brasil está entre um dos maiores produtores de petróleo do mundo e, com a produção do pré-sal e outras políticas de crescimento econômico, alavancado a 6ª maior economia do mundo. Vitória dos estudantes. Através da UNE e da UBES protagonizamos a resistência à repressão do Regime Militar, derramando sangue e tendo muitos de nossos companheiros assassinados; protagonizamos a derrubada de um presidente corrupto, lutamos contra o neo-liberalismo e protagonizamos a construção de um país diferente do que outrora tivemos – complexo, mas de imensas possibilidades - . O símbolo da UNE é o Brasil!

Para Gramsci e Lênin, a sociedade é um todo orgânico e unitário que se explica a partir da base econômica, mas que não pode ser reduzida inteiramente a ela, pois para tal redução implicaria a negação da ação política e da própria hegemonia. Lênin já afirmava que cabe aos comunistas intervir em todos os momentos da vida social e política e movimentar-se em todas as camadas da população. Ou seja: forte como uma rocha nas ideias e fluido como água na penetração. É por isso que atuamos entre jovens cientistas, negros, mulheres, LGBT’s etc. Bandeiras que, entre os socialistas, são partes de um objetivo muito maior.

E antes que sejamos questionados pelos saudosistas, é gratificantes sentir o protagonismo sendo exercitado, ainda hoje, num ambiente político muito mais favorável. A UNE, junto com a UBES e ANPG, tem protagonizado lutas que farão diferenças profundas no Brasil, a curto, médio e longo prazo na dura caminhada por esse país soberano. O ano de 2012 foi um ano de intensa mobilização por recursos condizentes com o desafio que é radicalizar na melhoria da educação. Capitaneado pelos estudantes, hoje, todo o país conhece e concorda com a bandeira por 10% do PIB para a educação; hoje, o país reconhece a liderança da UNE a importância de termos os royalties do petróleo para a educação. Por uma Universidade para todos e de qualidade, por escolas públicas equipadas e bem preparadas, por salário digno aos professores, por currículos que atendam às reais necessidades do povo brasileiro.

Organizar um Conselho Nacional de Entidades de Base, um Encontro Nacional de Grêmios e uma Bienal no nosso estado faz parte desse árduo trabalho de luta pelo protagonismo e, em consequência, pela hegemonia. Serão milhares de grêmios estudantis, diretórios acadêmicos e estudantes de todo o país discutindo transformações que atingirão a totalidade de nossa população. Debatendo e afirmando que a Universidade precisa de uma Reforma que garanta qualidade, acesso e permanência para todos os estudantes. Além disso, nosso exército estará armado em várias outras trincheiras, debatendo cultura, ciências, esportes. Olinda e Recife, que hoje vivem momentos de otimismo e grandes expectativas, terão grande oportunidade de serem sedes de um momento histórico, mais uma vez protagonizado por nós, jovens socialistas.


* Nilson Vellazquez é professor de Português da rede municipal de Igarassu, Presidente da UJS no Recife e Secretário de Formação da UJS em Pernambuco.

Museu em Olinda reabre com parte do acervo renovado

MAC abriga exposições inéditas de pintura, gravura e fotografia. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press.
MAC abriga exposições inéditas de pintura, gravura e fotografia. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press.


Com parte do acervo renovado, o Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco (MAC-PE) reabre as portas nesta quinta-feira com novas exposições, após recesso de fim de ano. Os visitantes poderão ver uma retrospectiva da pintura de Mariza Lacerda, na Sala de Convidados Especiais, e ainda uma mostra de fotografias, Instantâneas da África, do italiano Diego di Niglio. São 50 fotografias em preto e branco e coloridas, fruto de viagens entre 2002 e 2007, em diferentes países africanos: Moçambique, Malaui, Burkina Faso, Senegal, Níger, Chade, Camarões, Togo, Benin e Gâmbia. As imagens para a Exposição foram selecionadas pela curadora argentina Lia Miceli Lopez Lecube. Também serão servidos pratos da culinária africana e haverá apresentação do Maracatu Nação Leão Coroado, um dos grupos considerado Patrimônio Vivo de Pernambuco. 

Entre as peças do acervo que foram renovadas estão 70 gravuras da coleção de Luciano Pinheiro, criadas à época da Oficina Guaianases de Gravura e ainda inéditas para o público. "São trabalhos translumbrantes, estão numa sala especial", comenta Célia Labanca. que dirige o museu desde 2007.

No entanto, o espaço continua sem segurança eletrônica (instalação de câmeras vídeo para monitoramento), problema que veio à tona desde 2010 quando um quadro de Cândido Portinari foi roubado da instituição e depois devolvido. 

O museu, que é administrado pela Secretaria de Cultura (Secult-PE) e pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), não possui orçamento próprio e até hoje aguarda que o equipamento seja licitado. Enquanto isso, na porta do MAC se revezam doze seguranças, sendo três durante o dia e mais três à noite, em turnos de 24 por 24 horas. Mais oito funcionários fazem parte do setor administrativo, incluindo a própria diretora. O museu abre de terça-feira a domingo, das 9h às 17h.

O acervo do Museu de Arte Contemporânea, segundo a diretora do espaço, Célia Labanca, está entre os melhores da América Latina, com mais de quatro mil obras, entre elas telas de Telles Júnior, João Batista da Costa e Tarsila do Amaral, pertencentes à coleção de Assis Chateaubriand. Deste total, cerca de 300 obras são mostradas ao público. O MAC existe desde 1966.

SERVIÇO
Exposições Retrospectiva Da rara arte de uma pintora rara, de Mariza Lacerda e Individual de Fotografias Instantâneas da África, de Diego Di Niglio
Onde: Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco - Rua 13 de Maio, 157 - Varadouro, Olinda
Quando: Nesta quinta-feira (17 de janeiro), às 19h. Visitação, de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. Sábado, das 14h às 17h. Até 17 de março de 2013
Informações: (81) 3184-3153

Assistência estudantil, prioridade do 14º CONEB da UNE


Nos últimos anos, o número de estudantes no ensino superior público e privado aumentou de forma inédita no Brasil. No entanto, o avanço no acesso ao ensino superior ainda não permite a garantia de que todos os estudantes, principalmente os mais pobres ou das regiões mais distantes, tenham plenas condições de chegar ao final de seus cursos, participar da vida acadêmica e de praticar pesquisa e extensão. 

Nesse sentido, o debate sobre Assistência Estudantil é um dos principais temas presentes na UNE e nos movimentos de juventude. Tratado como prioridade, o 14º Conselho Nacional de Entidades de Base da UNE (CONEB) promove no próximo sábado (19), em Recife, uma mesa de debates reunindo especialistas no assunto.

Entre eles estão o professor da Universidade Federal do Recôncavo e coordenador do Fórum de Assuntos Comunitários e Estudantis Baiano, Ronaldo Crispim Sena Barros e a diretora da Diretoria de Desenvolvimento da Rede de Instituições Federais de Ensino Superior do Ministério da Educação (Difes do MEC), Adriana Rigon Weska.

Para conferir a programação completa do encontro, clique aqui.

Contra os cortes, por mais assistência

A demanda por políticas de permanência cresceu nas Instituições de Ensino Superior à medida em que o processo do acesso estudantil foi se democratizando. As dificuldades socioeconômicas, em especial a pressão para entrar no mercado de trabalho, são grandes exemplos que colaboram com a evasão escolar nas instituições de ensino.

Para manter esses estudantes em sala de aula, muito além das bolsas de auxílio, fazem-se necessários investimentos em diversos setores, como acompanhamento médico, odontológico e psicológico; acesso a atividades de esporte, cultura e lazer; cursos de línguas e inclusão digital; transporte e outras políticas.

Infelizmente, os cortes de quase 5 bilhões no orçamento da educação nos últimos dois anos jogam contra esse projeto de universidade que a UNE defende. Para superar essas dificuldades, é fundamental ampliar substancialmente o financiamento da educação e, além disto, discutir a que projeto de país deve servir a universidade.

“Para transformar a assistência estudantil em política permanente precisaremos de um financiamento de, no mínimo, 1,5 bi para o Plano Nacional de Assistência Estudantil. Atualmente, a verba que o governo destina para esse setor é de 500 milhões. No bojo das discussões do novo PNE, reafirmamos que este é momento de ampliação de direitos, com a destinação de 10% do PIB e 50% dos royalties e do Fundo Social do Pré-Sal para a educação”, pontua Daniel Iliescu, presidente da UNE.

Luta histórica

A Assistência Estudantil sempre foi uma pauta importante para a UNE, que se mobiliza já há muito tempo para garantir tais conquistas nas universidades brasileiras.

A luta, no entanto, já encontrou diversos desafios. O ano de 1997 é um bom exemplo. Na época, o MEC simplesmente suprimiu do orçamento da união a rubrica de verbas para o programa de Assistência Estudantil, considerando-o um ônus desnecessário ao funcionamento da universidade.

Desde então, as IFES utilizam recursos próprios oriundos de fontes diversas para manutenção dos programas. Ainda assim, tais iniciativas possuem grande eficácia no combate à evasão, na melhora do desempenho dos estudantes e impacto direto na equalização das condições de permanência dos estudantes mais carentes, que compõem parcela significativa do quadro discente das IFES.

Por isso, em um projeto de universidade que tenha como objetivo inserir estudantes oriundos de diferentes camadas sociais no ensino superior, democratizando de fato o acesso e rompendo com uma tradição elitista da universidade, o resgate da assistência estudantil cumpre um importante papel.

No ano de 2001 explodiu a greve nacional dos estudantes das universidades brasileiras, que tinha como pauta central o retorno da rubrica específica para assistência estudantil. Depois de muita luta, os recursos no orçamento para a assistência foram conquistados dentro da chamada emenda ANDIFES,

Em 2003, mais uma vitória: a UNE conseguiu a aprovação da emenda da Assistência Estudantil, através da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados.

A entidade compreende, no entanto, que é necessária uma política permanente para o programa e, por isso, ‘e fundamental a retomada de investimentos específicos nesta área, sem a dependência de emendas parlamentares ou outras medidas que não garantam permanentemente este recurso.


segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Na Globo, Arnaldo Jabor desrespeita soberania e povo venezuelano

Na quinta-feira (10), o comentarista do Jornal da Globo, Arnaldo Jabor, desrespeitou mais uma vez a soberania, a democracia e o povo venezuelano ao dizer que no país caribenho rege a “ignorância popular” e classificar o processo bolivariano de “ditadura tropical”. Nesta sexta (11), a embaixada da Venezuela publicou uma nota em que repudia os comentários de Jabor e classificando como “absurdas” as afirmações, originadas de total desconhecimento do país.


O presidente Hugo Chávez se encontra em tratamento em Havana devido a um câncer na região pélvicaSão diversos os absurdos usados pelo cineasta. Primeiramente ele deslegitima o processo de votação por meio do qual os venezuelanos elegeram Chávez pela terceira vez e relata que “os governos estaduais estão tomados pelo chavismo”, como se estes também não tivessem sido eleitos pelo povo. Assim, vale-se de um jogo de palavras para dizer que o voto dos venezuelanos vale menos que o de países “democráticos” porque lá o que existe é o “populismo do século 21” e a “ignorância popular” que mantêm Chávez no poder.

Em uma mostra de total desconhecimento da realidade venezuelana, ele cita informações inverossímeis de que o chavismo utiliza-se da fórmula miséria + analfabetismo político para mascarar os problemas da revolução. A própria FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, na sigla em inglês) revela que a Venezuela atingiu uma das metas do milênio estabelecidas pela organização e reduziu em 50% a proporção de pessoas em pobreza extrema, eliminou o analfabetismo e é o quinto país no mundo com maior taxa de matrícula de estudantes universitários (83%), de acordo com informe da Unesco.

Não é de se estranhar que o mesmo Jabor, em 11 de abril de 2001, quando a Venezuela sofreu um golpe de Estado, tenha aparecido na mesma Rede Globo com um cacho de bananas celebrando o evento. Segue a íntegra da nota da embaixada:


"Além de desrespeitar os venezuelanos, povo irmão do Brasil, e de proferir acusações sem base nos fatos reais, o comentário de Arnaldo Jabor nesta quinta-feira, 10 de janeiro, no Jornal da Globo, demonstra total desconhecimento sobre a realidade de nosso país.

Existe hoje na Venezuela, graças à decisão de um povo que escolheu ser soberano, um sistema político democrático participativo com amplo respaldo popular, comprovado pela alta participação da população toda vez que é convocada a votar em candidatos a governantes ou a decidir sobre temas importantes para o país. Desde que Hugo Chávez chegou ao poder, o governo já se submeteu a 16 processos democráticos de consulta popular - entre referendos, eleições ou plebiscitos.

Não nos parece ignorante ou despolitizado um povo que opta por dar continuidade a um projeto político que diminuiu a pobreza extrema pela metade, erradicou o analfabetismo, democratizou o acesso aos meios de comunicação e que combina crescimento econômico com distribuição de renda. Esse povo consciente de seus direitos não se deixa manipular pelas mentiras veiculadas por um setor da mídia corporativa - essa que circula livremente também na Venezuela.

Considerando o alto grau de organização e conscientização da população venezuelana, não são nada menos do que absurdas as acusações feitas por Jabor da existência de um aparato repressor contra o livre pensamento. Na Venezuela, civis e militares caminham juntos no objetivo de garantir a defesa, a segurança e o desenvolvimento da nação. É importante lembrar que se trata do mesmo comentarista que em 11 de abril de 2002, quando a Venezuela sofreu um golpe de Estado que sequestrou seu presidente durante 48 horas, saudou e comemorou este ato antidemocrático, durante comentário feito na mesma emissora, a Rede Globo. "

Embaixada da República Bolivariana da Venezuela

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Estações de bicicletas começam a funcionar nesta terça-feira no centro do Recife


Serão inauguradas nesta terça-feira as 10 estações integrantes do projeto Porto Leve, que vai disponibilizar, de forma pioneira em Pernambuco, 100 bicicletas para estimular a mobilidade urbana e a adoção do transporte sobre duas rodas no centro do Recife. O plano é um iniciativa do Sistema Integrado de Apoio à Mobilidade no Bairro do Recife Antigo. A solenidade ocorre às 16h, na Praça do Arsenal da Marinha, local onde já está instalada uma das estações integrantes do projeto. 

O objetivo desta iniciativa é permitir que a população se desloque de forma ágil e fácil dentro dos bairros abrangidos pelo projeto a partir de uma solução de base tecnológica. A logística de uso das bicicletas será a mesma aplicada nos projetos RioBike e Bike Sampa. No Recife, a expectativa é que em dois anos o projeto atinja uma marca de dois mil usuários.

A inscrição será disponibilizada por meio de um site e um aplicativo para celular que serão divulgados por ocasião da inauguração das estações. Para o ciclista destravar uma das bicicletas, ele precisa ser assinante do serviço, que custa R$ 10 mensais. Quem não tiver smartphone poderá ligar para um número de telefone gratuito.

Cada uma das bicicletas poderá ser utilizada por até 30 minutos, devendo o usuário devolvê-la na estação mais próxima após este período. Depois de 15 minutos ele poderá destravar outra bike e realizar um novo deslocamento nos próximos 30 minutos. Se extrapolar o horário de devolução, o usuário terá que pagar uma multa de R$5. As bicicletas ficarão disponíveis das 8h às 22h.

Confira onde estão localizadas as estações:

1) Av. Cais do Apolo (ao lado da parada de ônibus próxima à Prefeitura do Recife);

2) Praça Tiradentes (próximo ao C.E.S.A.R);

3) Praça do Arsenal da Marinha (No prédio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico); 

4) Travessa do Bom Jesus (na esquina com Rua do Apolo); 

5) Cais do Porto (antigo Bandepe);

6) Livraria Cultura;

7) Terminal de Passageiros de Santa Rita;

8) Rua da Aurora (na frente da Contax);

9) Rua Capitão Lima;

10) Rua Bione



Movimento da Cabanagem do Pará completa 178 anos

O dia de hoje (7 de janeiro) é marcado pelos 178 anos da revolta da Cabanagem do Pará (1835-1840) - o único movimento político do Brasil em que os pobres tomam o poder, de fato. Entre as causas da revolta encontram-se a extrema pobreza das populações humildes e a irrelevância política à qual a província foi relegada após a independência do Brasil.


A Cabanagem ocorreu durante o período regêncial no Brasil. O Período regencial brasileiro (1831 — 1840) foi o intervalo político entre os mandatos imperiais da Família Imperial Brasileira, pois quando o Imperador Pedro I abdicou de seu trono, o herdeiro D. Pedro II não tinha idade suficiente para assumir o cargo. Devido à natureza do período e das revoltas e problemas internos, o período regencial foi um dos momentos mais conturbados do Império Brasileiro.

De cunho popular, contou com a participação de elementos das camadas média e alta da região, entre os quais se destacam os nomes do fazendeiro Félix Clemente Malcher e do seringueiro Eduardo Angelim.

Na Cabanagem negros e índios também se envolveram diretamente no evento, insurgindo-se contra a elite política no Pará. Dentre alguns líderes populares da Cabanagem esteve o negro Manuel Barbeiro, o negro liberto de apelido Patriota e o escravo Joaquim Antônio, que manifestavam ideias de igualdade social. O nome “Cabanagem” remete à habitação (“cabanas”) da população de mestiços, escravos libertos e indígenas que participaram da Cabanagem.

História

Após a Independência do Brasil, a Província do Grão-Pará mobilizou-se para expulsar as forças reacionárias que pretendiam manter a região como colônia de Portugal. Nessa luta, que se arrastou por vários anos, destacaram-se as figuras do cônego e jornalista João Batista Gonçalves Campos, dos irmãos Vinagre e do fazendeiro Félix Clemente Malcher. Terminada a luta pela independência e instalado o governo provincial, os líderes locais foram marginalizados do poder. A elite fazendeira do Grão-Pará, embora com melhores condições, ressentia-se da falta de participação nas decisões do governo central, dominado pelas províncias do Sudeste e do Nordeste. 

Em julho de 1831 estourou uma rebelião na guarnição militar de Belém do Pará, tendo Batista Campos sido preso como uma das lideranças implicadas. O presidente da província, Bernardo Lobo de Sousa, desencadeou uma política repressora, na tentativa de conter os inconformados.

O primeiro grande erro de Lobo de Sousa foi rivalizar com Batista Campos. Criando o Correio Oficial Paraense, dirigido pelo cônego Gaspar Siqueira Queiroz, grande inimigo de Batista Campos. As críticas contra o nacionalista logo começaram, e aumentavam a cada edição. Batista Campos também começou a lançar suas críticas, contra o governo. Conseguiu, inclusive, uma pastoral do bispo D. Romualdo Coelho contra Lobo de Sousa, pelo fato deste ser maçom. Nesta altura, chegava ao Pará o jornalista Vicente Ferreira de Lavor Papagaio, mandado buscar no Maranhão por Batista Campos. Aquele vinha fundar um jornal para fazer oposição à Presidência da Província. O título do jornal, Sentinela Maranhense na Guarita do Pará. Sua linguagem, logo na edição inaugural, foi tão violenta, que Lobo de Sousa ordenou a prisão de Papagaio e Batista Campos.

O clímax foi atingido em 1834, quando Batista Campos publicou uma carta do bispo do Pará, Romualdo de Sousa Coelho, criticando alguns políticos da província. O cônego foi logo perseguido, refugiando-se na fazenda de seu amigo Clemente Malcher, reunindo-se aos irmãos Vinagre (Manuel, Francisco Pedro e Antônio) e ao seringueiro e jornalista Eduardo Angelim. Antes de serem atacados por tropas governistas, abandonaram a fazenda. Contudo, no dia 3 de novembro, as tropas conseguiram matar Manuel Vinagre e prender Malcher. Batista Campos morreu no último dia do ano, ao que tudo indica de uma infecção causada por um corte que sofreu ao fazer a barba.

O movimento Cabano

Em 7 de janeiro de 1835, liderados por Antônio Vinagre, os rebeldes (tapuios, cabanos, negros e índios) tomaram de assalto o quartel e o palácio do governo de Belém, nomeando Félix Antonio Clemente Malcher presidente do Grão-Pará. Os cabanos, em menos de um dia, atacaram e conquistaram a cidade de Belém, assassinando o presidente Lobo de Souza e o Comandante das Armas, e apoderando-se de uma grande quantidade de material bélico. O governo cabano não durou por muito tempo, pois o novo presidente, Félix Malcher - tenente-coronel, latifundiário, dono de engenhos de açúcar - era mais identificado com os interesses do grupo dominante derrotado, é deposto em 19 de fevereiro de 1835. Por fim, Malcher acabou preso. Assumiu a Presidência, Francisco Vinagre.
Em maio de 1935 chegou ao porto de Belém a fragata “Imperatriz”, enviada pelo presidente do Maranhão, a fim de terminar com o Governo revolucionário. Vinagre concordou em entregar a Presidência a Ângelo Custódio; mas, sobre pressão de Antônio Vinagre e Eduardo Angelim, recuou. 

Em 20 de junho de 1935, na baía de Guajará, aportou outra fragata com o novo presidente do Pará (nomeado pela Regência), marechal Manoel Jorge Rodrigues. Vinagre, contra o desejo de seu irmão Antônio, entregou o poder. 

Na noite de 14 de agosto de 1835, tiveram início novos combates. A invasão de Belém se deu pelos bairros de São Braz e Nazaré. Desta forma, Belém caía novamente em poder dos revoltosos. Aos 21 anos de idade, Eduardo Angelim assumiu a Presidência da Província.

Fim da Cabanagem

Contudo, em abril de 1836 chegava o marechal José Soares de Andrea, novo presidente, nomeado pela Regência. Andrea intimou os cabanos a abandonarem Belém. Angelim e seus auxiliares concordaram.

A última fase da Cabanagem é iniciada com a tomada de Belém por Andréa, com o restabelecimento da legalidade na Província. Apossando-se de Belém, as lutas ainda duraram quatro anos no interior da Província, onde ocorria o avanço das forças militares de forma violenta até 1840.

A Cabanagem continua viva na memória do povo paraense como o movimento popular que permitiu que as classes populares chegassem ao poder instalando um governo popular ou cabano no Pará do século 19.

Fonte: Blog Pará Histórico