terça-feira, 30 de agosto de 2011

Renato Rabelo: É urgente a luta por uma nova ordem, o socialismo!


O sistema capitalista e o modelo neoliberal, vigente nas últimas décadas, entraram em um grande impasse, desmoralizando seus apologistas que pregavam sua infalibilidade. Especialmente após a crise econômica e financeira desencadeada a partir de meados de 2007, com epicentro no sistema financeiro dos Estados Unidos, evidenciam-se os limites históricos do capitalismo.

É mais nítido do que em qualquer outro período histórico o abismo que separa o capitalismo e o imperialismo das aspirações da humanidade, e torna-se indispensável e urgente a luta por uma nova ordem internacional e por um novo sistema econômico e social – o socialismo. O capitalismo não é uma formação política, econômica e social eterna. 

Cada vez mais os povos e os trabalhadores se aproximarão da encruzilhada histórica: capitalismo – com suas crises e guerras – ou um sistema social superior, cuja alternativa é o socialismo. Neste sentido é essencial extrair ensinamentos das experiências vividas. 

Temos convicção que uma das grandes lições que se deve extrair das primeiras experiências de construção do socialismo no século 20 é a ideia de que não há modelo único de socialismo, nem caminho universal de conquista do poder político. As revoluções vitoriosas do século passado, cada uma delas – na Rússia, na China, no Vietnã, em Cuba – seguiram caminhos próprios. 

Cada povo e cada força revolucionária construirão seu próprio rumo ao socialismo, e construirão este sistema de acordo com sua realidade nacional. De um modo geral, a correlação de forças prevalecente no mundo ainda é estrategicamente desfavorável do ponto de vista do amadurecimento das condições para as lutas pela superação revolucionária do capitalismo, da construção de uma nova sociedade. 

No entanto, importantes transformações políticas que vêm marcando a conjuntura internacional indicam que se estão processando avanços na situação mundial que melhoram as condições para lutar e que se intensifica a acumulação revolucionária de forças. 

A luta anti-imperialista assume maiores dimensões, aparece como a marca da época, tendência capaz de mobilizar grandes contingentes, de desatar energias criadoras e revolucionárias dos povos.Em nosso país, o Partido Comunista do Brasil, PCdoB, orientado pelo seu programa, está convicto que a luta por um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento é o caminho brasileiro para o socialismo. 

Um projeto nacional que fortaleça a economia nacional, promova o desenvolvimento social do povo brasileiro, amplie a democracia e as reformas estruturais como a reforma agrária, a reforma urbana, a tributária, a reforma política e da educação entre outras, e promova a integração das nações sul-americanas e a solidariedade internacional. Por isso, o PCdoB tem contribuído para construir alianças necessárias para as transformações avançadas no sentido democrático, progressista e popular. 

Temos dado um aporte significativo para os êxitos do novo período político nacional, aberto com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 e continuado com a vitória da primeira mulher para a presidência da República em 2010. O Novo Projeto Nacional deu seus primeiros passos com o ex-presidente Lula, e nossa luta é que avance agora no governo Dilma Rousseff. Mas, a luta pelo socialismo, só vai prosperar se em nosso país se houver uma esquerda forte e um PCdoB cada vez maior e influente. 

O PCdoB é um partido de vida e ação permanente, que trata do aperfeiçoamento partidário constantemente, avançando na organização de sua militância. O Partido mantém uma escola nacional de quadros onde tem formado militantes e lideranças para a atividade política, teórica e partidária. A doutrina, a política e os objetivos do partido estão definidos em seu programa Socialista e em seu Estatuto partidário. 

Após o episódio emblemático da queda do muro de Berlim e do fim da União Soviética, levando à apostasia uma grande leva de partidos comunistas e socialistas no mundo, o PCdoB, ao contrário, reavivou sua identidade comunista e atualizou seus princípios revolucionários, anti-imperialistas e anticapitalistas. 

O Partido também apoia a publicação de uma revista teórica e de informação – a Princípios -- que completou 30 anos, divulgadora das ideias marxistas e progressistas, com uma extensa rede de colaboradores em todos os domínios do conhecimento científico e cultural de nosso país. O site Vermelho, sob direção do PCdoB, é hoje um conceituado espaço de difusão e debate de ideias avançadas, propagador do programa partidário, por duas vezes campeão do premio IBest. 

O PCdoB tem bancadas parlamentares na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, que gozam de respeito e influência, sendo seus parlamentares chamados a contribuir em temas relevantes e em momentos decisivos, numa demonstração de suas capacidades e experiência. Na crise mais aguda do então governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2005, Aldo Rebelo foi chamado a disputar a presidência da Câmara dos Deputados, porque na base do governo é quem reunia melhores condições para afastar a ameaça da vitória da oposição. 

O Partido Comunista vai assim ocupando espaços políticos importantes, na área do esporte como fator de inclusão social e na conquista de dois importantes eventos mundiais como a Copa do Mundo de futebol em 2014 e as Olimpíadas de 2016. Na formulação de um novo marco regulatório para a exploração do petróleo com a importante contribuição da Agencia Nacional de Petróleo. 

Na área da Cultura, com os Pontos de Cultura, do cinema nacional, na Ancine e na área da Ciência e da Tecnologia, com o trabalho feito na Finep e agora no Conselho Nacional de C&T. Além do trabalho em nível federal, são muitas as contribuições de lideranças comunistas em prefeituras e governos estaduais.

O PCdoB não mudou de trincheira e ousa lutar! Está empenhado na organização dos trabalhadores e contribui na construção da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB – lutando pela unidade em mobilizações conjuntas e concretas do movimento sindical brasileiro. No âmbito dos jovens, parcela significativa da população brasileira, o PCdoB é força dirigente da União da Juventude Socialista – UJS – organização nacional fundada há mais de duas décadas, com 120 mil filiados. 

A UJS tem papel protagonista entre os estudantes universitários e secundaristas, mantendo a UNE e a UBES como entidades únicas dos estudantes, em defesa dos seus direitos e anseios, com diretorias plurais compostas de representantes de vários partidos. O PCdoB também tem uma atividade destacada entre as mulheres, onde o Partido organizou a União Brasileira de Mulheres – UBM – entre os que lutam contra as discriminações e manifestações de racismo – UNEGRO e tem significativa militância em defesa da causa das minorias indígenas do país. A situação do Brasil atual é insólita e favorável para as forças democráticas e populares. 

O governo Dilma inspira confiança e esperança, com a emergência de setores médios e na elevação da autoestima do povo. O desafio maior do novo governo, entretanto, consiste em manter relativamente unida a ampla base política, heterogênea, em torno do avanço democrático, nacional e popular, em cujo centro esta o PT, e ser independente na formulação de uma política econômica que mantenha um crescimento acentuado e contínuo, voltada para os interesses nacionais e do povo. 

Duas grandes tarefas se colocam: 1) fortalecer a coalizão de governo, superando práticas hegemonistas e exclusivistas para o êxito da frente governista; 2) redirecionar a política macroeconômica, por uma orientação desenvolvimentista e de progresso nacional e social.


Publicado originalmente na Caros Amigos

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