Os Estados membros e os Estados associados do Mercado Comum do Sul (Mercosul) decidiram neste domingo (24) a suspensão imediata do Paraguai e expressaram sua mais enérgica condenação à ruptura da ordem democrática nesse país.
A posição foi adotada em uma declaração aprovada neste domingo, que sublinha que o Paraguai perdeu o direito de participar na 43ª Reunião do Conselho do Mercado Comum e da Cúpula de Presidentes do Mercosul, previstas para esta semana na cidade argentina de Mendoza, disse a Chancelaria local.
Assinado por Argentina, Brasil, Uruguai, Venezuela, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru, o texto enfatiza que "a plena vigência das instituições democráticas é condição essencial para o desenvolvimento do processo de integração".
A declaração resolve, por último, considerar, em nível de chefas e chefes de Estado na Reunião de Cúpula do Mercosul do próximo 29 de junho "ulteriores medidas a serem adotadas".
Em uma entrevista neste domingo em Buenos Aires, o chanceler da Argentina, Héctor Timerman, qualificou de execução sumária o acelerado processo de julgamento político realizado pelo Senado paraguaio e que terminou com a destituição do presidente constitucional Fernando Lugo.
No Paraguai se utilizou um mecanismo contemplado na Constituição, mas foi aplicado de tal forma que viola não só o espírito desta, mas toda prática constitucional do mundo democrático, sublinhou o diplomata.
Timerman, que no momento do golpe de Estado se encontrava em Assunção com outros ministros de Relações Exteriores da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), revelou ao jornal Página 12 detalhes das gestões de intermediação realizadas pelo bloco.
É triste o que ocorreu no Paraguai, afirmou o chanceler, e insistiu em que "dar duas horas de defesa a um presidente democraticamente eleito é um tempo menor do que tem quem ultrapassou um semáforo vermelho".
Timerman comentou que os chanceleres da Unasul fizeram todo o possível para buscar alternativas. Mas em nenhum momento encontramos o menor interesse na oposição em dialogar conosco e buscar uma opção à execução sumária de um presidente, lamentou.
Venezuela
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou neste domingo a retirada do embaixador no Paraguai e determinou a suspensão do fornecimento de petróleo ao país, depois do processo de impeachment que retirou do poder o presidente Fernando Lugo.
“Lamentamos muito isso, mas não vamos apoiar esse golpe de Estado nem direta nem indiretamente”, disse Chávez, durante as comemorações dos 191 anos da Batalha de Carabobo e do Dia Nacional do Exército.
O presidente destacou que a destituição de Lugo foi promovida por setores burgueses chamados pelo chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, de facção que não quer dialogar porque tem uma decisão tomada.
O chanceler integrou a missão da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) que viajou a Assunção em caráter de urgência na tentativa de mediar a crise política no Paraguai.
Chávez destacou que a burguesia venezuelana se nega a admitir que o processo contra Lugo é uma ruptura da ordem democrática.
Manifestações
Simpatizantes de Fernando Lugo promoveram neste domingo mais um dia de protestos contra seu impeachment. Reunidos em frente à sede da TV Pública, no centro de Assunção, capital paraguaia, eles cantaram o Hino Nacional, estenderam faixas em apoio a Lugo e com críticas ao novo governo. A bandeira do Paraguai foi colocada em lugar de destaque durante o protesto.
“Estamos aqui em defesa da democracia. É uma reação pacífica a toda essa situação absurda. Estamos aqui exercendo a nossa cidadania”, disse Ceulie Vukty, líder de um dos movimentos juvenis no protesto, enquanto coordenava os discursos com os momentos de apresentações teatrais e de música.
Uma barraca de camping foi montada no centro do protesto e nela foi colocada a placa Embaixada do Brasil. De acordo com os organizadores do evento, a ideia é mostrar que o Brasil condena a destituição de Lugo porque apoia a democracia e suas instituições.
Com Prensa Latina e Agência Brasil
Fonte: www.vermelho.org.br
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