segunda-feira, 4 de junho de 2012

Redes sociais terão cada vez mais influência nas eleições

Serra ferido por uma bola de papel
O episódio da bolinha de papel lançada no candidato do PSDB, José Serra, nas eleições de 2010, é apresentado como exemplo do uso e influência das redes sociais na campanha eleitoral. No dia seguinte ao fato, explorado pela oposição, a campanha de Dilma Rousseff contra-atacou inclusive com um joguinho da internet de “Acerte o Serra”. As redes sociais – twitter, facebook, youtube etc –, que já exerceram importante papel nas eleições passadas, terão grande peso nas eleições municipais deste ano.

O alerta foi feito no debate sobre “Redes sociais e eleição, como usar ferramenta de interação”, no Seminário Nacional de Comunicação e Mídia, promovido pelo PCdoB, neste final de semana em São Paulo. O PCdoB está preocupado e interessado em usar essa ferramenta porque ela é importante na campanha eleitoral e também porque a oposição já está usando muito as redes sociais.

As redes sociais funcionam como pesquisa, ao registrar o que os usuários estão interessados e preocupados e exigem um tratamento mais cidadão, já que permite que o cidadão opine. Por tudo isso, elas são e serão, cada vez mais, importante ferramenta na campanhas eleitorais.

Miro Borges, presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, o primeiro dos três debatedores do tema, destacou o importante papel das redes sociais para desarmar as manobras da mídia hegemônica. E citou o episódio da bolinha de papel na careca do candidato tucano, que vinha sendo explorada pela grande mídia como “quase um atentado”e foi desmontada pelas redes sociais.

Ele também apresentou os números que registram o crescimento da compra e uso de computadores e demonstram que atualmente 50% dos brasileiros estão acessando internet. E isso, segundo ele, apesar das dificuldades técnicas e carestia do uso. Superados esses obstáculos, a tendência é crescer cada vez mais o acesso à internet.

Miro Borges fez questão de afirmar que é preciso ter base material para todos os atos nas redes sociais, porque elas por si só não produziram fatos como as revolução no Mundo Árabe, nem o Occupy Wall Street e nem os protestos na Europa. 

A mídia hegemônica não falou (sobre esses fatos) e as redes sociais falaram. As redes sociais estão cumprindo papel decisivo. Agora vale acompanhar as eleições no México, onde as mobilizações estão fazendo papel proeminente em favor de Obrador e contra a própria mídia. Não quero fetichizar, mas elas estão crescendo muito nas campanhas de mobilizações, avalia Borges. 

Principal estrategista

Os outros dois palestrantes confirmaram as palavras de Miro Borges. Rodrigo Savozoni, da Casa de Cultura Digital, destacou que já se falam em alternativas para uso tático dessas ferramentas e a necessidade de fomentar novas tecnologias para que se avance e vença a oposição também na campanha.

Ele e Bruno Hoffmann – outro palestrante - foram unânimes em dizer que o candidato que ainda não usa redes sociais deve começar “agora”. E citaram o passo-a-passo: construir um perfil, articular lista de amigos e cruzar sua lista de amigos com seus associados e outras pessoas dentro do sistema. 

“Tem que ter sítio porque se o candidato não gerar conteúdo positivo sobre ele, vai haver informação negativa sobre ele na rede”, aconselhou Hoffmann. Segundo ele, como todos os demais aspectos da campanha eleitoral, também na internet o candidato deve exercer a criatividade, criando fatos e informações e monitorando tudo o que acontece para se atualizar. 

Eles também destacaram a importância do planejamento, monitoramento e atualização do Banco de Dados, já que o correio eletrônico é uma das ferramentas ainda mais importantes na internet. E enfatizou que a internet deixa rastro importante para ser usada na campanha. 

Hoffmann disse que “mais importantes que o tuitter e o facebook é o e-mail, porque consegue rastrear se a pessoas abriu ou não o e-mail, se consultou ou não o sítio. Ao contrário de rádio e TV, na internet tem como dimensionar os números do público atingido”.

E encerraram a fala enfatizando a importância de que todo o trabalho das redes sociais seja profissionalizado: “O seu sobrinho não é o principal estrategista de sua campanha”, falou Savozoni, provocando risos na plateia. 

Por: Márcia Xavier

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